Os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, apresentaram nesta sexta-feira (21) a Rota do Quadrante Rondon, uma das cinco Rotas de Integração Sul. Americano. A proposta do governo federal é que o Brasil possa aumentar o comércio com os países vizinhos por meio de rotas mais curtas e logisticamente menos onerosas, dada a força das exportações e importações do país com a Ásia.
“Temos cinco rotas para apresentar, mas falarei apenas da terceira, que é a que interessa a Mato Grosso. Quer dizer, sem medo: um caminho não exclui o outro, um caminho não enfraquece o outro, um caminho não compete com o outro. Pelo contrário. Se eu tivesse dado ao presidente Lula apenas um caminho, ele teria guardado na gaveta e dito: ‘Isso não é um projeto de país. Não conseguiremos desenvolver o interior do país desta forma”. Você verá como uma rota se interliga com a outra”, destacou Simone, durante cerimônia em Cáceres (MT).
Dados do ministério mostram que, entre 2000 e 2023, Mato Grosso saltou do décimo para o quarto lugar entre os principais estados exportadores do Brasil. As vendas externas do estado passaram de US$ 1,7 bilhão para mais de US$ 32 bilhões no período. Em 2023, o complexo soja, milho, carne bovina e algodão representaram mais de 90% do total das vendas em Mato Grosso. A China é o maior comprador do estado, com 41% do total. Apesar do cenário, Mato Grosso continua escoando cerca de 56% de sua produção pelos portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR).
Os números mostram ainda que as importações de Mato Grosso passaram de US$ 158 milhões em 2000 para US$ 3,2 bilhões em 2023. O aumento, segundo o ministério, se deve, sobretudo, à importação de fertilizantes, que representou mais de 70 % do total. No período, as importações de fertilizantes pelo estado vieram principalmente do Canadá, Rússia e China, países banhados pelo Oceano Pacífico, e entraram no Brasil pelos portos de Santos e Paranaguá.
“Só há uma maneira de acabarmos com a desigualdade social, no sentido de reduzir essa desigualdade: reduzindo a desigualdade regional. Não é possível que estados do Centro-Oeste e alguns do Norte e até do Nordeste sejam estados mais pobres do que estados do Sudeste. Diante disso, se eu apresentasse esses roteiros há exatos 30 anos, as pessoas sairiam daqui, sairiam e diriam ‘Isso é mera utopia’”, lembrou Simone. “Em quatro anos, todas estas rotas são capazes de ligar os nossos estados à China e à Ásia”, acrescentou.
“Quem produz e está em Mato Grosso sabe o custo da logística. Você sabe o quanto a logística tira do seu suor, a composição do seu preço”, destacou Waldez Góes. “Com todas essas rotas, todo o Brasil será beneficiado. Logicamente, onde as rotas são mais estruturadas, estados como aqui, Mato Grosso, têm oportunidade de se beneficiar mais”, finalizou.
Confira abaixo os principais projetos de integração sul-americana em Mato Grosso:
Construção da BR-174/MT
A expansão da BR-174 em Mato Grosso, segundo o governo federal, representa um investimento necessário em infraestrutura rodoviária. A rodovia integra uma importante área produtiva do noroeste de Mato Grosso com o sul de Rondônia, ajudando a ligar as cidades de Colniza (MT) e Vilhena (RO).
Aeroporto de Cáceres/MT
Cáceres tem cerca de 95 mil habitantes e tem acesso à capital Cuiabá pela BR-070 e ao município boliviano de San Matías. A cidade também é cortada pela BR-174, que vai até Pontes e Lacerda (MT) e Vilhena (540 quilômetros de distância). Cáceres também conta com opção hidroviária, pelo Rio Paraguai até Corumbá (MS). O aeroporto, na opinião do governo federal, é um importante canal de acesso ao Pantanal.
BR-070/174/364/MT
O trecho, segundo o governo federal, facilita o acesso às áreas produtivas de Mato Grosso e Rondônia, “contribuindo para sua dinamização e desenvolvimento”. A obra promove melhoria de infraestrutura em uma região considerada altamente produtiva e exportadora – só as cidades de Campo Novo dos Parecis (MT), Sapezal (MT) e Vilhena exportaram US$ 3 bilhões em 2023, principalmente soja, milho, algodão e carne.
Construção da infovia estadual do MT
A obra, em andamento, conecta 5 mil quilômetros de cabos de fibra óptica pelos municípios mato-grossenses de Juína, Parecis, Brasnorte, Sinop, Sorriso, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Nobres, Pontes e Lacerda, Jauru, Barra de Bugres, Cuiabá, Campo Verde, Jaciara, Rondonópolis, Alto Garças, Barra do Garças e Cáceres. A rede chega à fronteira com a Bolívia.
Adequação da BR-070/MT
A BR-070 é classificada pelo governo federal como um importante corredor de integração nacional, ligando Brasília a Cáceres ao longo de 1.300 quilômetros. “É fundamental para o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste, principal região do agronegócio do país”. A adequação ocorre no trecho onde a rodovia contorna Cuiabá e Várzea Grande (MT), buscando facilitar o escoamento de cargas, acelerar a circulação de veículos e contribuir para aumentar a competitividade dos produtos.
Aeroporto de Cuiabá/MT
Com cerca de 619 mil habitantes, a capital mato-grossense tem a maior produção agrícola do Brasil e é cortada pela BR-364. Destacam-se como atrativos turísticos a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, construída em 1730, e a Chapada dos Guimarães. No Aeroporto Marechal Rondon, a concessionária prevê concluir as obras de ampliação e modernização do terminal em 2024.
BR-163/MT – divisa MT/MS – Sinop/MT
A BR-163 é considerada pelo governo federal como fundamental para a articulação de uma das regiões agrícolas mais produtivas e exportadoras do Brasil. São 800 quilômetros entre Ouro Branco do Sul (MT) e Sinop (MT), passando por Lucas do Rio Verde (MT) e Sorriso (MT). Então a carga segue para o norte.
Extensão da Rede Norte
Inaugurada em 1998, a Ferronorte tinha 500 quilômetros de extensão, entre Santa Fé do Sul (SP), às margens do rio Paraná, e Alto Araguaia (MT). Em 2012, houve uma extensão de 260 quilômetros, levando os trilhos até Rondonópolis (MT). O objetivo do atual projeto é agregar 600 quilômetros à atual ferrovia, para conectá-la ao epicentro do agronegócio mato-grossense. O novo trecho incorpora os municípios de Lucas do Rio Verde e Nova Mutum, além da capital.
EF-170 – Ferrogrão
O projeto prevê que a ferrovia, com quase mil quilômetros, ligue Sinop ao Porto de Miritituba, em Itaituba (PA). Seguindo um trajeto semelhante ao utilizado pelos caminhões na BR-163, o objetivo é tornar o escoamento dos grãos do Centro-Oeste pelos portos do Arco Norte menos demorado, menos custoso e menos poluente. Atualmente, metade das exportações de soja e milho de Mato Grosso saem do Brasil pelos terminais de Belém, Santarém (PA), São Luís e Santana (AP).
BR-163/MT/PA – Sinop/MT – Miritituba/PA
Esse trecho da rodovia, segundo o governo federal, tem a função de escoar grande parte da produção de grãos do Centro-Oeste ao longo de mil quilômetros até o Porto de Miritituba, na cidade de Itaituba (PA), no margens do rio Tapajós. A carga segue então por via fluvial até o Rio Amazonas e depois até o Oceano Atlântico.
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