O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central interrompeu nesta quarta-feira (19) o ciclo de redução de juros e manteve a taxa básica, a Selic, em 10,50% ao ano.
Ao longo do ciclo de flexibilização dos juros, iniciado em agosto do ano passado, ocorreram seis reduções consecutivas de 0,50 ponto percentual e uma de 0,25 ponto. A alíquota básica segue agora no menor patamar desde fevereiro de 2022, quando foi fixada em 9,25% ao ano.
Com a pausa na flexibilização dos juros, a diretoria do BC ignorou a pressão exercida pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às vésperas da reunião decisiva e agiu alinhada às expectativas do mercado financeiro.
Levantamento feito pela Bloomberg mostrou que a pausa da Selic no patamar atual de 10,50% ao ano foi a projeção quase unânime dos economistas – apenas dois dos 33 analistas consultados esperavam um novo corte de 0,25 ponto percentual.
Mas a atenção dos investidores não se restringiu aos números e está voltada principalmente para a pontuação da votação dos membros do Copom, que ainda não foi divulgada.
Isso porque a tensão entre o governo e o BC voltou a aumentar depois que Lula afirmou que Campos Neto “tem lado político” e que “trabalha para prejudicar o país”. Membros do governo e aliados também colocaram o presidente do BC na mira e aumentaram a artilharia em defesa da redução dos juros.
Com base no posicionamento dos quatro indicados pelo governo Lula – especialmente Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária, cotado para suceder Roberto Campos Neto no comando da instituição –, os economistas buscam sinais sobre o desempenho futuro do BC.
Em 2025, a gestão petista terá maioria no Copom, com sete dos nove membros do BC indicados por Lula, incluindo o presidente.
Até o final do ano, quando termina o mandato do atual chefe da autoridade monetária, o Copom tem mais quatro reuniões marcadas – 30 e 31 de julho, 17 e 18 de setembro, 5 e 6 de novembro e 10 e 11 de dezembro.
A pausa nos cortes da Selic ocorreu após uma desaceleração no ritmo de queda da taxa básica em uma votação dividida, com oposição de todos os indicados de Lula, no mês passado.
Em maio, prevaleceu a decisão majoritária (5 a 4) – liderada por Campos Neto – pela redução de 0,25 ponto percentual, contrariando a sinalização dada pelo próprio Copom na reunião anterior de que repetiria a intensidade dos cortes feitos até depois, 0,50 ponto percentual.
Ao longo do ciclo de flexibilização das taxas de juros, ocorreram seis reduções consecutivas de 0,50 pontos percentuais e uma de 0,25 pontos. A taxa básica está agora no menor patamar desde fevereiro de 2022, quando foi fixada em 9,25% ao ano.
A ruptura no Copom de maio contribuiu para a deterioração das expectativas de inflação. Na última segunda-feira (17), o boletim Focus mostrou que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2025 foi revisado para 3,80%, em uma sequência de altas por sete semanas consecutivas. Para 2026, a projeção é de 3,60%.
A meta de inflação perseguida pelo BC é de 3%, com faixa de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isto significa que o objetivo é considerado alcançado se oscilar entre 1,5% (mínimo) e 4,5% (teto).
A piora das expectativas para o cenário futuro se refletiu nos preços dos ativos, com a desvalorização do real frente ao dólar. A moeda americana atingiu R$ 5,482 na máxima do dia nesta quarta.
No cenário doméstico, cresceu a percepção de maior risco fiscal e a atividade econômica continuou a mostrar resiliência. Quanto ao enquadramento internacional, as preocupações relativamente ao início do ciclo de redução das taxas de juro nos Estados Unidos continuaram no radar.
Com os efeitos defasados da política monetária sobre a economia, o BC agora mira a meta traçada para 2025 e já começa a olhar para 2026.
QUEM É QUEM EM BC
Roberto Campos Neto, presidente
Mandato até 31.dez.24
Otavio Damaso, Diretor de Regulação
Mandato até 31.dez.24
Carolina de Assis Barros, diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta
Mandato até 31.dez.24
Diogo Guillen, diretor de Política Económica
Mandato até 31 de dezembro de 25
Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução
Mandato até 31 de dezembro de 25
Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária
Mandato até 28.fev.27
Ailton de Aquino Santos, Diretor de Fiscalização
Mandato até 28.fev.27
Paulo Picchetti, diretor de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos
Mandato até 31 de dezembro de 27
Rodrigo Alves Teixeira, Diretor de Administração
Mandato até 31 de dezembro de 27
*Informações da Agência Brasil
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