O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Aloizio Mercadante, afirmou nesta terça-feira (18) que o ritmo de crescimento das solicitações de financiamento da instituição diminuiu em maio. Segundo Mercadante, a perda de fôlego está associada ao que chamou de “ruído político”.
“Sentimos agora no último mês uma redução no ritmo de crescimento das consultas. No meu ponto de vista, tem muito a ver com todo esse barulho”, disse o presidente do BNDES em entrevista após evento no Rio de Janeiro. Janeiro.
Nas últimas semanas, o mercado financeiro tem demonstrado preocupação com o rumo das contas públicas no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Questionado por jornalistas sobre o tema, Mercadante reconheceu que a situação fiscal pode estar por trás da turbulência. Contudo, procurou valorizar o desempenho positivo dos indicadores de emprego e de atividade econômica no Brasil.
“Os dados positivos são muito mais consistentes e sólidos do que o problema fiscal que temos e que precisa ser resolvido”, afirmou.
“O PIB [Produto Interno Bruto] cresceu 2,9% no ano passado. Aí o mercado diz que foi surpreendido, que foi surpreendido pela inflação, que caiu, que foi surpreendido pela taxa de emprego, pelo mercado de trabalho. Acho que você ficará surpreso novamente”, acrescentou.
Segundo balanço divulgado pelo BNDES em maio, as solicitações de financiamento aumentaram 68% no primeiro trimestre. Mercadante disse que, considerando os meses anteriores, o ritmo de crescimento ficou acima de 80%.
A etapa de consulta é a primeira etapa pela qual passam as solicitações de crédito no banco. Os pedidos dão um sinal sobre o apetite da comunidade empresarial por empréstimos.
“É realmente um barulho político. Quando chegamos ao governo, o barulho era gigantesco, [diziam] que o Brasil não cresceria, que cresceria apenas 0,8%, que a inflação não estaria sob controle. Não foi isso que aconteceu”, disse Mercadante.
Ele afirmou ainda que o foco do BNDES nas últimas semanas tem sido a tragédia das chuvas no Rio Grande do Sul, o que também pode ter influenciado as consultas no banco.
Mercadante foi questionado sobre as expectativas em relação à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do BC (Banco Central), que se reúne para definir o nível da taxa básica de juros (Selic) nesta terça e quarta-feira (19). Os analistas de mercado esperam que o ciclo de cortes nas taxas seja interrompido.
O presidente do BNDES evitou fazer previsões para o encontro. Ele disse que “o tempo de fazer projeções e comentários” sobre o assunto já passou. Ele, porém, não deixou de criticar o nível das taxas de juros no Brasil.
“Com todas as melhorias macroeconômicas, temos a segunda taxa de juros real do planeta. Eu até falei isso para o presidente do Banco Central [Roberto Campos Neto] no último debate que tivemos. Temos que analisar a fundo esse modelo, porque precisa ser repensado”, afirmou Mercadante.
*Informações da Agência Brasil
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