O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enviou o Ploa (Projeto de Orçamento Anual) de 2025 ao Congresso Nacional sem corrigir a tabela do IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física). Com a decisão, pessoas que recebem até 2 salários mínimos perder a isenção fiscal no próximo ano.
Segundo projeto encaminhado pela equipe econômica, o salário mínimo passará de R$ 1.412 para R$ 1.509 em 2025. Por outro lado, a proposta estabelece que a faixa de isenção continuará no patamar atual, que é de até R$ 2.824 por mês. mês.
Lula foi criticado no início deste ano por definir a faixa de isenção para renda de até R$ 2.112, o que significaria que quem ganha até 2 salários mínimos teria que pagar o imposto. Após as reclamações, o valor subiu para o patamar atual.
Ao evitar a atualização da tabela do IRPF, o governo federal consegue aumentar a receita esperada para 2025 com o imposto, porque quem receber R$ 3.018 (o dobro de R$ 1.509) terá que pagar imposto. Se mudar de ideia novamente, o governo Lula terá que reorganizar os cálculos e incorporar uma arrecadação menor no próximo ano.
Em 1996, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), eram necessários 8 salários mínimos para pagar o Imposto de Renda. Com a defasagem na tabela do IRPF, a trajetória se achatou.
Leia o histórico da tabela no infográfico abaixo, segundo dados do Unafisco Nacional (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal).
O presidente da Unafisco, Mauro Silva, afirma que a classe média será penalizada se a tabela do Imposto de Renda não for corrigida. “Se não for corrigido, todos que têm remuneração indexada ao salário mínimo serão prejudicados. A população em geral, a classe média como um todo”, declara ao Poder360.
Em tom crítico, o representante da entidade afirma que há aumento de arrecadação da classe média.
“Imagine uma inflação de 4% ao ano [em 2025]. E como a tabela está lá no Orçamento, significa que o governo vai arrecadar mais R$ 8 bilhões da classe média. Cada 1 ponto percentual representa R$ 2 bilhões a mais em receita. Então, isso é cobrança indevida, inconstitucional. Penaliza a classe média, esquecendo de cobrar mais dos mais ricos, que têm mais capacidade de contribuir”, diz.
PROMESSA DE CAMPANHA
A correção da tabela do Imposto de Renda foi uma promessa de campanha eleitoral de 2022 tanto de Lula quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Sob Bolsonaro, a faixa de isenção permaneceu estagnada em R$ 1.903,98. Lula aumentou para R$ 2.824 neste semestre – um salto de aproximadamente R$ 920.
Lula afirmou que aumentaria para R$ 5 mil a renda necessária para que a pessoa passasse a pagar Imposto de Renda. A meta do presidente é entregar a proposta até 2026. Para isso, será necessário aumentar o valor em R$ 2.176 até o fim do governo.
O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, foi questionado no início de setembro sobre a falta de correção da tabela do Imposto de Renda no Orçamento de 2025. Ele afirmou que, caso o governo decida manter a isenção para quem recebe 2 salários mínimos, haverá necessidade de medida compensatória. Ou seja, você terá que anunciar ações que aumentem o faturamento no próximo ano.
Barreirinhas declarou que havia uma “previsão” de correção da tabela do IRPF, mas que não aumentaria a faixa de isenção para R$ 3.018, a partir de 2 salários mínimos.
“Vamos calcular e verificar o impacto. Em algum momento, a atualização da tabela do Imposto de Renda pode exigir a atualização de outras faixas dessa tabela. Isso exigirá medidas compensatórias”, disse o secretário.
SALÁRIO MÍNIMO
O governo Lula alterou a regra de valorização do salário mínimo para que ele seja superior ao INPC. Para isso, considera-se a variação em 12 meses do indicador até novembro e o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos 2 anos anteriores. Em 2023, a economia brasileira cresceu 2,9%.
A política de reajuste do salário mínimo de Bolsonaro não incluiu um ganho acima da inflação. O aumento da remuneração foi baseado apenas na variação do INPC de 1 ano.
O salário mínimo crescerá 1.247,3% de 1996 a 2025, considerando o novo valor projetado para o próximo ano (R$ 1.509). Na prática, é quase 3 vezes mais que a inflação – o INPC subiu 423,6% no acumulado de dezembro de 1996 a agosto de 2024.
Leia abaixo a trajetória do piso nacional em relação à inflação:
O salário mínimo também representa o salário mínimo para programas sociais, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), e para aposentadorias e pensões. Portanto, os ajustes acima da inflação aumentam anualmente o volume de gastos obrigatórios do governo. A Previdência terá despesas de R$ 1 trilhão em 2025.
A inflação oficial do Brasil é medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), mas a correção do salário mínimo é feita pelo INPC, que mede a variação de preços de produtos e serviços consumidos pelas famílias brasileiras com renda de 1 a 5 salários mínimos. remunerações.
Leia a trajetória do salário mínimo de 1996 a 2025:
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