Bets podem ampliar riscos de crédito para Nubank, diz Santander

O Santander considera que a ampliação dos gastos das famílias brasileiras com apostas esportivas online, as chamadas apostas, pode criar um risco para o Nubank. Segundo a análise, a exposição da fintech ao público de baixa renda e também ao Pix gera esses riscos. Em nota, o Nubank afirmou que seus serviços são pouco utilizados para apostas nas maiores apostas.

A equipe do Santander liderada pelo analista Henrique Navarro cita dados do IBGE que indicam que, este ano, cerca de 20% do orçamento discricionário das famílias de baixa renda foi destinado às apostas. O número chega a 36% se for considerado apenas o orçamento destinado ao lazer.

Outro dado citado foi o compilado pelo Banco Central, indicando que cerca de 20% dos recursos do Bolsa Família foram para apostas online.

O Santander também destaca dados da Confederação Nacional dos Dirigentes de Varejo (CNDL) que mostram que o Pix é o meio de pagamento mais utilizado para pagar apostas, com 72% do total, seguido pelos cartões de crédito, com 18%. Segundo o banco, o Nubank é a instituição financeira com maior número de chaves Pix do país, e foi responsável por 23% do valor repassado pelo sistema no primeiro semestre.

“Acreditamos que o risco é que parte importante do financiamento Pix do Nubank esteja relacionada às apostas online, o que resultaria em um risco de crédito extremamente elevado”, afirmam os analistas. O financiamento Pix representou 30% das originações da Nu via cartão no segundo trimestre.

Em nota, o Nubank afirmou que menos de 1% do Pix e Pix Parcelado feitos por meio da fintech são destinados às maiores apostas, que representam 70% do mercado. “Portanto, embora seja um tema importante para o Brasil e tenhamos tomado cuidados especiais, ele não se tornou significativo dentro da nossa base de clientes e nossos modelos estão identificando esse comportamento de forma eficaz”, disse Nubank.

Concorrência

O relatório revela esse e outros fatores como possíveis explicações para a recente queda nas ações do Nubank. Os outros dois são a mudança nas regras do crédito consignado e a possível concorrência mais acirrada no México.

O Santander menciona a mudança feita pelo governo nas regras do empréstimo consignado do INSS. A partir do ano que vem, as contratações serão permitidas nos primeiros 90 dias após o pagamento dos benefícios, mas apenas por meio de bancos pagadores. “Isso é negativo para o Nubank, a nosso ver, tendo em vista que os bancos digitais não poderão participar do leilão (da folha de pagamento do INSS dos próximos anos)”, afirma Navarro.

O analista observa ainda que a busca por licenças bancárias por outras fintechs no México poderia intensificar a concorrência no país, que é a segunda maior operação do Nubank. A fintech espera receber licença bancária lá em 2025.