Ibovespa sobe a 133 mil pontos com NY e minério, mas temor com fiscal e juros limita

Depois de perder 0,13%, na mínima de 132.842,23 pontos, o Ibovespa renovou a máxima no final da manhã desta sexta-feira, 27, apesar da volatilidade das bolsas norte-americanas, onde, no entanto, prevalece o sinal de alta. Mais uma vez, aqui a ação da Vale avança na esteira do minério de ferro que fechou hoje com valorização de 4,38% em Dalian, em uma semana marcada por uma série de anúncios de medidas de estímulo econômico na China, inclusive nesta sexta-feira.

“Parece ser um fluxo de tomada de risco, em linha com a queda do DXY -0,19%, para 100,332 pontos”, aponta Bruno Takeo, estrategista da Potenza Capital, referindo-se ao índice que acompanha as oscilações da moeda americana frente ao seis outras moedas relevantes.

Porém, a alta do Ibovespa é moderada, mas deve encerrar a semana com valorização. O agravamento das preocupações fiscais e a possibilidade de um ciclo maior de aumento da taxa Selic continuam no radar dos investidores. Ontem, a sessão terminou com alta de 1,08%, aos 133.009,78 pontos.

“Os mercados estão digerindo os dados de inflação divulgados hoje nos Estados Unidos e no Brasil”, diz Rubens Cittadin, trader de renda variável da Manchester Investimentos.

Nos EUA, o PCE – dado mais esperado da semana – teve variação positiva de 0,1% em agosto em relação a julho, igual ao esperado. Em relação a agosto de 2023, a taxa foi de 2,2% ante projeção de 2,3%. Após a divulgação, as taxas de juros dos rendimentos do Tesouro começaram a atingir novos mínimos, sugerindo espaço para cortes mais agressivos por parte do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos).

Segundo Cittadin, a avaliação do PCE vai na mesma direção feita em relação aos dados divulgados recentemente nos EUA, no sentido de que a atividade está desacelerando e a inflação ainda resiste. “Ainda há medo de uma recessão no país, mas é menor. Portanto, pode haver necessidade de cortar os juros mais rapidamente. Isso pode levar a questionamentos se o corte do Fed foi adiado”, avalia.

No Brasil, as taxas de juros futuras avançam, em meio a novas dúvidas em relação ao ciclo fiscal e Selic. Ontem, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que a nova projeção do Ministério da Fazenda sobre a trajetória da Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) deverá ser oficializada em outubro, e não mais em setembro. Antes mesmo de isso ocorrer, informações adicionais já mostram uma piora na curva da dívida bruta.

Quanto à taxa básica de juros brasileira, fortes indicadores de atividade e inflação aumentaram a chance de prolongamento do processo de aperto monetário. Hoje a taxa de desemprego, que ficou em 6,6% no trimestre até agosto, ficou no menor nível das projeções, e do Caged. Nesta sexta-feira será anunciado o Caged de agosto. Foram criados 232,5 mil empregos formais. O resultado ficou abaixo da criação mediana de 241 mil empregos, mas ficou dentro das expectativas, reforçando a forte atividade.

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acelerou para 0,62% em setembro, após 0,29% em agosto, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado do IGP-M nesta leitura ficou acima da mediana das estimativas da pesquisa Projeções Broadcast, de 0,49%, e próximo do teto das expectativas, de 0,65%.

Para Rafael Perez, economista da Suno Research, os dados do IBGE continuam mostrando uma melhora generalizada no mercado de trabalho. Segundo ele, essa situação de forte pressão sobre os salários tende a pressionar o equilíbrio de riscos do Banco Central “E é mais um fator que dificulta a convergência da inflação, o que deve contribuir para uma postura mais dura da autoridade monetária nas próximas reuniões “, estima o economista Suno.

Às 11h15, o Ibovespa subia 0,42%, com máxima de 133.570,76 pontos, ante queda de 0,13%, com mínima de 132.842,23 pontos. A Vale teve alta de 0,93%, enquanto a Usiminas PNA perdeu 0,94%. A Petrobras aumentou 0,25% (PN) e 0,10% (ON).