O conselho de administração da empresa chilena Arauco aprovou, nesta terça-feira (24), um aumento de cerca de 53% nos investimentos na fábrica de celulose Inocência, na região leste de Mato Grosso do Sul. Com isso, a capacidade de produção anual será 40% maior, passando da previsão inicial de 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.
Pelas previsões iniciais, os investimentos seriam de US$ 3 bilhões (R$ 16,5 bilhões) na primeira etapa. Agora, segundo anúncio feito nesta terça, serão US$ 4,6 bilhões (R$ 25 bilhões) no projeto Sucuriú, que funcionará às margens do rio de mesmo nome.
Segundo a área de comunicação da empresa, “a fábrica segue o projeto inicial. O que muda é a capacidade de produção, que passa de 2,5 para 3,5 milhões de toneladas/ano. Durante os estudos de engenharia foi detectada a possibilidade de aumento da capacidade de produção. E quando você faz um projeto maior, os números gerais também aumentam.”
Antecipação
E, além do anúncio do aumento dos investimentos e da capacidade de produção, a empresa também antecipou a data de conclusão do projeto. Inicialmente, a previsão era entrar em operação até o final do primeiro trimestre de 2028. Agora, a promessa é ativar a fábrica em 2027.
Este, segundo o anúncio da empresa, será “o maior investimento da história da multinacional. Com aprovação do Conselho de Administração, a empresa anuncia a finlandesa Valmet como parceira de tecnologia e equipamentos para instalação de sua primeira fábrica de celulose branqueada no Brasil, a ser construída na cidade de Inocência (MS)”. A Valmet será responsável pela entrega de cerca de 50% do projeto industrial.
Segundo Carlos Altimiras, Diretor Presidente da Arauco do Brasil, “esta é uma etapa importante e decisiva do Projeto Sucuriú, que contará com expertise e tecnologia de ponta. É o maior projeto de produção de celulose do mundo implementado em uma única etapa, e nossa escolha reflete a busca da Arauco por parceiros que compartilhem a mesma visão em relação à inovação e práticas sustentáveis”, destacou o executivo.
Dessa forma, os chilenos desbancam a fábrica da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, que até hoje detém o título de maior fábrica do mundo em circuito único, com capacidade para produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano. A fábrica da Suzano, que começou a ser construída em 2021 e recebeu investimentos de R$ 22 bilhões, entrou em operação no dia 21 de julho deste ano.
Além de produzir celulose, a unidade Arauco gerará mais de 400 megawatts (MW) de energia, dos quais 200 MW serão destinados ao consumo interno. O restante será vendido e será suficiente para abastecer uma cidade com mais de 800 mil habitantes.
O projeto está em fase de terraplenagem e o início das obras está previsto para janeiro do próximo ano. No pico da construção, serão 14 mil empregos.
“Este é um marco muito importante no processo de crescimento e fortalecimento do Estado e consolida o compromisso da Arauco com o Mato Grosso do Sul, que sediará uma das maiores fábricas de celulose do mundo. Será uma unidade moderna, que irá gerar empregos, oportunidades, desenvolvimento social e económico. Mato Grosso do Sul estabeleceu uma estratégia de desenvolvimento sustentável baseada na atração de grandes investimentos e na geração de empregos, e a chegada desta operação reforça a confiança dos investidores em nosso Estado”, afirmou o governador Eduardo Riedel ao tomar conhecimento da expansão dos investimentos. .
A fábrica será instalada a 50 quilómetros do centro urbano de Inocência e a previsão é que a maioria dos trabalhadores, que poderá atingir os 14 mil no pico da obra, fique todos alojados nas imediações do canteiro de obras.
Após a ativação, porém, todos os funcionários deverão residir na cidade, conforme legislação municipal aprovada antes do início das obras de terraplenagem.
Florestas
Além dos trabalhadores que trabalham no preparo da terra, a empresa já gera cerca de mil empregos em Inocência e municípios da região nas atividades de plantio de eucalipto, segundo o diretor nacional da Arauco, Carlos Altimiras.
Segundo ele, a empresa já tem cerca de 210 mil hectares já contratados e 85 mil estão ocupados com eucalipto. Ao longo de 2024, deverão ser plantados mais 65 mil hectares. Inicialmente estava prevista a necessidade de 300 mil hectares de florestas. Agora, esse volume aumentou para 400 mil hectares.
Em média, o ciclo de crescimento até o corte do eucalipto se estende por sete anos e é justamente por isso que o plantio começou em 2021, bem antes da concessão de qualquer licença ambiental ou da aprovação feita esta semana pela alta direção da empresa.
No dia 10 de maio, quando foi entregue a licença de instalação, a administração da Arauco informou que após a ativação da primeira fase pretendia começar a duplicar a indústria, aumentando a capacidade para 5 milhões de toneladas por ano. No anúncio de hoje, porém, a duplicação da capacidade não foi abordada.
Atualmente existem três fábricas de celulose em operação no Mato Grosso do Sul. A primeira, da Suzano, funciona desde 2009 em Três Lagoas. A segunda, a Eldorado, do grupo J&F, na mesma cidade, funciona desde 2012. A terceira é a Suzano de Ribas do Rio Pardo. E, além do projeto Arauco em Inocência, há estudos para instalação de uma quinta unidade, desta vez em Água Clara, que deverá ser construída pela Bracell.
Sobre Arauco
A Arauco é uma empresa global, de origem chilena, com presença nos cinco continentes. Fundada em 1979, possui operações em mais de 75 países e 55 fábricas no Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, México, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, Portugal e África do Sul. Opera globalmente com mais de 18 mil trabalhadores.
Atualmente, a capacidade de produção de celulose é de 5,2 milhões de toneladas por ano em suas unidades no Chile, Argentina e Uruguai. Agora, só a unidade Innocência aumentará essa capacidade para 8,7 milhões de toneladas, um aumento de 67%.
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