Os ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, e da Argentina, Diana Mondino, reuniram-se terça-feira em Nova Iorque e chegaram a um acordo para o regresso dos voos entre São Paulo e as Ilhas Malvinas com escala mensal em Córdoba, anunciaram os governos.
Durante a reunião, à margem da Assembleia Geral da ONU, os chefes da diplomacia britânica e argentina anunciaram também um acordo para organizar uma viagem para familiares de combatentes falecidos às Ilhas Malvinas antes do final de 2024, “para que possam visitar o sepulturas de soldados”, segundo comunicados divulgados por ambas as partes.
O arquipélago das Malvinas, que fica a 400 quilómetros da costa da Argentina e a quase 13 mil quilómetros do Reino Unido, foi palco de uma guerra em 1982, que durou 74 dias e terminou com 649 argentinos e 255 britânicos mortos. Desde o conflito, a Argentina reivindicou a soberania sobre as ilhas através dos canais diplomáticos.
Em 2018, os voos da Latam foram autorizados devido a um acordo entre os dois países, mas o Reino Unido os suspendeu em 2020 por motivos de saúde, durante a pandemia de covid-19.
Em março de 2023, a Argentina cancelou a permissão para o Reino Unido operar serviço aéreo semanal de São Paulo para as Malvinas com escala mensal em Córdoba, devido à recusa britânica em operar voos diretos para o arquipélago a partir do continente argentino.
Em fevereiro deste ano, Mondino manifestou o seu “desconforto” a David Cameron, então chanceler do Reino Unido, durante uma reunião do G20 no Rio de Janeiro, com a visita do diplomata britânico ao arquipélago.
Cameron fez a viagem quando era chanceler do governo conservador, que deixou o poder em julho e foi substituído pelo Trabalhista, que nomeou David Lammy como seu novo ministro das Relações Exteriores.
Durante a viagem, Cameron disse esperar que este território reivindicado pela Argentina queira permanecer sob a administração do Reino Unido “por muito tempo, possivelmente para sempre”.
O governador da província argentina da Terra do Fogo, Antártida e Ilhas Malvinas, Gustavo Melella, considerou a visita “uma provocação” e declarou Cameron “persona non grata”.
A visita de Cameron foi a primeira de um ministro das Relações Exteriores britânico ao arquipélago em três décadas. Douglas Hurd viajou para as Malvinas em 1994.
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