Ao anunciar ontem o aumento da taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 10,50% para 10,75% ao ano, o Banco Central utilizou uma expressão que faltava nas declarações do Comitê de Política Monetária (Copom).
No comunicado sobre a decisão, o BC destacou que o cenário atual é marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho e hiato do produto positivo. Esta foi a primeira vez desde junho de 2015 que uma comunicação do BC utilizou esta expressão.
O hiato positivo indica que a economia está operando acima da sua capacidade, geralmente com plena utilização dos recursos (mão-de-obra e capital), o que pode gerar pressões inflacionárias.
Após a surpresa com o aumento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, a autoridade monetária avaliou que o conjunto de indicadores da atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior que o esperado.
Isso, segundo o Copom, levou a uma reavaliação do hiato do produto, que mede como a economia está se comportando em relação ao seu potencial. Anteriormente, o BC estimava que havia equilíbrio, ou seja, a economia não estava ociosa nem superaquecida. Agora, passou a prever que está no campo positivo, ou seja, acima do potencial, o que traz pressões inflacionárias.
Este foi um dos fatores que fez com que o equilíbrio de riscos para a inflação se tornasse assimétrico no sentido do aumento. Ou seja, o BC avalia que o risco é maior de que a projeção atual para a inflação seja superior à atual.
O economista da ASA, Leonardo França Costa, destaca a mudança na avaliação do BC sobre o hiato do produto, de próximo de neutro para positivo, como uma das principais mensagens duras do Copom nesta quarta-feira:
— Você vê a atividade econômica como inflacionária.
Costa já esperava alta de 0,50 p.p. em novembro, para 11,25%, e afirma que o comunicado do BC reforça essa expectativa.
— Indicaram que iniciaram um ciclo ascendente e que não sabem onde vão parar, nem se comprometeram com o ritmo.
Arthur Carvalho, economista-chefe da TRUXT Investimentos, avalia que a atual projeção do BC para a inflação no primeiro trimestre de 2026, de 3,5%, indica uma revisão muito significativa na avaliação do hiato. O primeiro trimestre de 2026 é o horizonte relevante para a política monetária atualmente, período em que o BC trabalha para levar a inflação à meta.
— Foi uma sinalização bastante dura. Estimo que, para atingir 3,2%, o que estaria próximo da meta, o ciclo de subida da taxa de juros precisaria ser de 1,80pp.
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