A Bolsa brasileira caiu 0,12%, para 134.960 pontos, numa sessão também marcada pela nova alta das ações da Azul e pela queda dos pesos pesados Vale e Petrobras.
O dólar fechou em queda de 0,41% nesta terça-feira (17), a R$ 5,486, naquele que foi o primeiro dia de reuniões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos.
O movimento foi contra a corrente no exterior. A moeda avançou 0,22% em relação a outros pares de moedas, dados dados económicos dos EUA melhores do que o esperado.
A Bolsa brasileira caiu 0,12%, para 134.960 pontos, numa sessão também marcada pela nova alta das ações da Azul e pela queda dos pesos pesados Vale e Petrobras.
O BC (Banco Central) e o Fed (Federal Reserve, autoridade americana) anunciarão amanhã as decisões sobre taxas de juros, dia apelidado de “super quarta-feira” pelos mercados.
As expectativas são opostas nos dois países – e elevadas entre os investidores. Aqui, os economistas esperam que o Copom (Comitê de Política Monetária) eleve a Selic para 10,75%, um aumento de 0,25 ponto percentual. Nos EUA, a projeção é de corte nas taxas, embora não haja consenso entre as operadoras sobre o tamanho.
O mercado está dividido: enquanto 65% das apostas apontam para um corte mais agressivo, de 0,50 ponto percentual, os 35% restantes indicam um corte menor, de 0,25 pontos, segundo a ferramenta FedWatch. Na semana passada, as proporções eram de 30% e 70%, respectivamente.
As taxas de juros estão na faixa de 5,25% e 5,50% desde julho do ano passado – o nível mais restritivo em duas décadas. Qualquer corte nesta reunião seria o primeiro do banco central em mais de quatro anos.
Desde que o presidente da autoridade, Jerome Powell, afirmou que chegou o momento de reduzir as taxas de juro, as dúvidas sobre o ritmo dos cortes têm ditado o comportamento dos mercados, com sessões de elevada volatilidade a cada nova ronda de dados macroeconómicos.
Nesta terça-feira, os investidores recorreram aos últimos lançamentos dos EUA antes da decisão, em busca de sinais sobre o tamanho da redução.
De acordo com o Departamento de Comércio, as vendas no varejo americano cresceram 0,1% em agosto na base mensal, ante expectativas de queda de 0,2% de analistas consultados pela Reuters. A produção industrial cresceu 0,8%, acima das projeções de 0,2%.
O resultado reduziu os receios de que a procura dos consumidores tivesse caído acentuadamente. “Sim, há uma desaceleração da economia do país, principalmente do mercado de trabalho, com ritmo mais lento de criação de empregos, mas não pode ser caracterizada como fraca”, afirma Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
O dólar normalmente se desvaloriza à medida que as taxas de juros nos Estados Unidos caem, à medida que o rendimento dos ativos vinculados à renda fixa americana se desvaloriza. Isto leva os operadores a investimentos de maior risco, como moedas emergentes e mercados de ações, devido à possibilidade de maior rentabilidade.
Para o real, outro fator entra em jogo: o possível novo ciclo de aperto na Selic.
Na reunião de julho, o Copom manteve a taxa básica de juros no atual patamar de 10,50% ao ano pela segunda vez consecutiva. Desde então, os líderes reiteraram que estão em cima da mesa novos aumentos para trazer a inflação de volta ao centro da meta, se os dados macroeconómicos indicarem a necessidade.
O comitê trabalha com a meta de inflação de 3%, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda) e com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a alta dos preços.
O mercado dá como certo que a Selic terá nova alta de 0,25 ponto nesta reunião. Os dados indicam que a economia brasileira está forte e resiliente, o que tende a se traduzir em pressões inflacionárias nos meses seguintes.
Quanto maiores as taxas de juros no Brasil e menores nos Estados Unidos, melhor para o real, que se torna mais atrativo para investimentos “carry trade” – ou seja, quando os investidores contraem empréstimos a taxas baixas e aplicam recursos em moedas de países com altas taxas. , para obter lucro sobre o diferencial de juros.
Essa perspectiva “tem ajudado a atrair capital estrangeiro para o real e pode ajudar a manter o câmbio brasileiro em trajetória descendente”, afirma Mattos, da StoneX.
A questão tributária, porém, voltou ao radar dos investidores. Na noite desta segunda-feira, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) afirmou que acontecimentos extraordinários, como os incêndios em vários pontos do país e as enchentes no Rio Grande do Sul, “talvez não sejam mais tão extraordinários daqui para frente” por causa do clima mudar.
Para o ministro, caso se tornem recorrentes, será necessário adequar o Orçamento para acomodá-los.
“Eu não acho que seja uma violação [excluir os gastos com esses eventos do Orçamento]mas se passar a ocorrer no dia a dia, se virar uma despesa recorrente, o Orçamento terá que ser ajustado prevendo recursos. Seria o mesmo que exigir que a pandemia seja enfrentada dentro das regras do antigo teto de gastos”, afirmou.
No domingo (15), o ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a abertura de créditos extraordinários para combate a incêndios na Amazônia e no Pantanal, excluindo despesas do limite de gastos do quadro fiscal.
“Os contratos de juros futuros subiram em todos os vencimentos com maior intensidade no longo prazo, dadas as preocupações com o fiscal após a decisão de Dino”, disse o analista Kleber Detoni de Lima, da Necton, em relatório esta manhã.
No cenário corporativo, as empresas de peso do Ibovespa, Vale e Petrobras, fecharam negativas. A mineradora perdeu 0,47%, refletindo temores de fraqueza na economia chinesa. As ações preferenciais e ordinárias da petrolífera caíram 0,45% e 0,61%, respetivamente, apesar da subida dos preços do petróleo no exterior.
A ponta positiva foi novamente liderada pela Azul, ampliando a alta recente com alta de 13,66%, ainda com o acordo de dívida com arrendadores de aeronaves em segundo plano.
*Informações da Folhapress
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