Os considerados “nativos digitais”, com idades entre 18 e 30 anos, moldaram hábitos de consumo e não tem sido diferente no mercado imobiliário. Mais focados em investimentos de longo prazo e impulsionados por programas de facilitação, os jovens da geração Z representam uma parcela significativa das taxas de aquisição de imóveis. Entre os principais motivos do crescimento da procura estão o sonho de adquirir o primeiro imóvel, visando estabilidade e autonomia e a intenção de investir em ativos que sirvam como fonte de renda como alternativa à aposentadoria.
Em Pernambuco, 41% dos compradores de imóveis no ano passado eram jovens de até 30 anos, é o que mostram dados da análise da construtora MRV. Os números sobem para 49%, quando consideradas as aquisições intermediadas pelo programa Minha Casa Minha Vida.
Mesmo face a dificuldades como as taxas de desemprego e outros problemas socioeconómicos que afetam muitos jovens, o aumento observado em 2023 não parece ser apenas um fenómeno temporário.
Pesquisa sobre Intenção de Compra de Imóveis referente ao segundo trimestre de 2024, realizada pelo Brain em conjunto com a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias, mostra que 48% dos entrevistados com menos de 30 anos planejam adquirir um imóvel nos próximos 24 meses, reforçando que o sonho da casa própria continua forte entre esta geração.
Motivação
“Estamos observando que, apesar das novas tendências e do interesse em investimentos alternativos, o sonho da casa própria continua muito forte entre os jovens. Essa geração tem priorizado a compra de imóveis como forma de estabilidade e também de independência”, afirmou o presidente da ABRAINC, Luiz França.
Alisson Santos, dono de uma imobiliária no Recife, diz ter percebido o interesse dos jovens em adquirir imóveis. Ele vincula esse fato às facilitações disponíveis, como financiamentos e subsídios, como o Minha Casa Minha Vida e a iniciativa estadual Morar Bem.
“Os jovens estão comprando mais pelas condições de pagamento que facilitam a aquisição do imóvel, mas também pela consciência de administrar os investimentos destinados a esse fim”, afirmou Alisson.
Para o economista e consultor João Rogério Filho, esta consciência de gestão de investimentos advém do “imperativo de não contar mais com o Estado para a segurança financeira na velhice”, referindo-se à aquisição como alternativa ao investimento no futuro, como complemento da segurança social. segurança, por exemplo.
Objetivo
É o caso de Hygor Marques e Jennifer da Hora, que são namorados. Os dois, de 23 anos, sonhavam em adquirir cada um o seu imóvel antes mesmo de pensarem em casamento. Para isso, organizaram-se previamente e pesquisaram possibilidades de financiamento.
O casal acaba de adquirir seus imóveis por meio do programa de acesso à moradia do Governo Federal, Minha Casa Minha Vida. “Vemos essa compra como um investimento, algo que trará retorno financeiro e estabilidade para o futuro, seja para moradia ou para possíveis aluguéis”, afirma Jennifer.
Organização
O economista Edgard Leonardo lembra que todo investimento de longo prazo precisa de planejamento, colocando as parcelas na ponta do lápis e organizando um orçamento pessoal para a compra. “Fizemos um planejamento financeiro detalhado antes de tomar a decisão, analisando nossos rendimentos e possibilidades de financiamento. Ajustamos nossas despesas e nos preparamos para as responsabilidades das parcelas, garantindo que essa aquisição não comprometesse nosso bem-estar financeiro”, afirmou Hygor.
João Rogério destaca que essa análise prévia do orçamento é fundamental para que as parcelas caibam no seu bolso. O economista alerta ainda que o valor pago mensalmente pelo imóvel não pode ultrapassar 30% da renda mensal do comprador, para que ele possa honrar o financiamento sem comprometer outras obrigações.
Além disso, a soma da renda mensal deve ser feita anualmente, incluindo o 13º salário, adicional de férias e eventuais gratificações, para que a perspectiva de renda seja realista, ampliando as possibilidades.
No caso do financiamento, que geralmente leva em média 35 anos para quitar o valor total, com taxas de juros e descontos a serem concedidos dependendo da faixa de renda, preço e localização do imóvel, o comprador deve entender o prazo exato de seu empréstimo. contrato para poder estabelecer suas metas e organizar demandas durante o período determinado.
Mercado
Para o economista Sandro Prado, do ponto de vista econômico, esse cenário favorece o crescimento do setor imobiliário, mantendo o mercado aquecido. As construtoras têm se beneficiado desse público jovem. A aposta na venda de apartamentos ou casas a preços mais acessíveis contribui para esta expansão, mesmo face a aumentos pontuais dos preços dos imóveis.
Edgar Leonardo explica como esse movimento da geração Z pode moldar o mercado. O economista destaca que “a presença destes jovens no grupo de compradores de imóveis altera o perfil da publicidade dos produtos e até dos tipos de edifícios oferecidos em maior quantidade”, disse, referindo-se à inclinação dos jovens para a tecnologia e à sua preferência por apartamentos. . em vez de casas.
Financiamento
Para facilitar a vida na hora de adquirir a casa própria, as instituições financeiras oferecem linhas de crédito imobiliário com taxas de juros diferenciadas. O Programa Minha Casa Minha Vida, iniciativa do Governo Federal, representa grande parte da viabilização do acesso à casa própria por meio da Caixa Econômica Federal.
Em Pernambuco, até agosto, o volume de liberação de crédito foi de R$ 4,41 bilhões. Segundo Marcelo Maia, superintendente da Rede Caixa no Recife, dos 295 mil créditos habitacionais distribuídos nacionalmente, 49% foram contratados por clientes com menos de 30 anos.
Habitação
Para quem deseja o financiamento habitacional pelo Minha Casa Minha Vida, que atende famílias com renda bruta de até R$ 8.000,00, o primeiro passo é localizar um imóvel de seu interesse e verificar se o valor está dentro do estabelecido pelo Programa, que São até R$ 350 mil para imóveis novos e até R$ 270 mil para imóveis usados.
O cliente poderá então acessar o site da Caixa (www.caixa.gov.br) ou o App Caixa Habitação para fazer simulações e obter informações sobre as linhas de financiamento disponíveis. Para aprovar o financiamento, o interessado deverá apresentar a documentação necessária, através do próprio requerimento ou pessoalmente nas agências do banco.
Subsídios
No Estado, o Morar Bem funciona como subsídio para pagamento de entrada de contratos por meio do Minha Casa Minha Vida. O recurso, que só pode ser aplicado no primeiro imóvel e é exclusivo para renda familiar de até R$ 2.000,00, prevê o benefício de subsídios de até R$ 20.000,00.
Os requisitos a serem considerados são: não ser proprietário, potencial comprador, titular de qualquer título ou concessionário de outro imóvel e não ter beneficiado de auxílio-moradia definitivo em programa de habitação social em território nacional.
A aprovação da documentação cadastral e da operação de crédito individual deverá ser realizada pela Caixa Econômica Federal, de acordo com as condições exigidas para contratação.
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