O mecanismo de pagamento dividido proposta pela reforma tributária é alvo de reivindicações do setor financeiro. Associações que reúnem empresas de pagamentos são favoráveis ao sistema, mas pedem modificações e acréscimos ao texto aprovado na Câmara dos Deputados e que tramita no Senado.
Entre as reivindicações está a remuneração dessas empresas pela operação do mecanismo e a compensação pelos custos de desenvolvimento do sistema.
O pagamento dividido Permitirá que os impostos da reforma sejam recolhidos quando o valor for enviado à instituição financeira intermediária. Caberá a ela separar o valor referente ao imposto e enviá-lo aos cofres públicos das entidades nacionais. O principal objetivo da proposta é reduzir brechas para possíveis fraudes ou evasões.
“São centenas de milhões de reais que a iniciativa privada terá que investir para que isso aconteça. Queremos que haja uma disposição legal. Não queremos estabelecer um preço ou colocar uma faca no pescoço de ninguém.”afirma o vice-presidente executivo da Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), Ricardo Vieira.
A exigência, acrescenta, é de uma previsão para que os custos de desenvolvimento e manutenção sejam reembolsados. “É como um contrato de prestação de serviços de cobrança”diz.
O executivo afirma que a arrecadação de impostos é “um problema” autoridades fiscais com os contribuintes e que o sector financeiro “assistente” neste processo. “A indústria de pagamentos não tem nada a ver com isso. […] Estamos sendo ‘chamados’ a fazer um esforço enorme para auxiliar nesse processo”.
O pedido é corroborado pela Zetta, associação que representa instituições financeiras e de pagamentos. A diretora-executiva, Fernanda Garibaldi, destaca que este é um sistema que o governo propõe e considera legítimo que o setor seja compensado pelo seu desenvolvimento e operação.
O PLP 68/2024, aprovado pela Câmara, estabelece que o Poder Executivo e o Comitê Gestor do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) deverão aprovar o orçamento para desenvolvimento, operação e manutenção do sistema, mas não apresenta maiores detalhes sobre como isso será feito. será feito.
RESPONSABILIDADE CIVIL
Outra exigência do setor financeiro é que as operadoras não sejam responsabilizadas por eventuais erros cometidos pelo fisco no cálculo das alíquotas dos impostos. O texto aprovado trata apenas da responsabilidade tributária.
“Os prestadores de serviços de pagamento não serão responsáveis pelo imposto IBS e CBS sobre as transações com bens e serviços cujos pagamentos liquidam”o documento afirma.
AGENDAMENTO IMPOSSÍVEL
A actual concepção da reforma prevê 3 categorias de pagamento divididoo principal é o sistema inteligente. O modelo é automático. Ele recolhe apenas a diferença entre o valor que incidirá sobre a operação e o imposto que já foi pago compensando os créditos do fornecedor.
A forma de pagamento consultará o sistema da Receita Federal e do Comitê Gestor do IBS para ter acesso aos dados necessários ao cálculo.
Associações representativas das empresas de meios de pagamento afirmam que há incertezas em torno desse modelo e defendem que a adoção do sistema simples deve ser priorizada. O pagamento dividido simples está previsto no texto atual, mas apenas em situações excepcionais. Uma das vantagens do modelo, para as associações, é que já existem sistemas semelhantes noutros países – como a República Checa, Itália e Polónia.
“[No split payment inteligente] você tem uma espécie de compensação desses créditos e dívidas tributárias online, em tempo real. […] É muito mais difícil de fazer do que um regime onde existe uma taxa fixa por um período de tempo para um CNPJ”diz Garibaldi. “O pedido da Zetta é que tenhamos um regime simplificado como regra geral e superinteligente como opção”.
Viera, da Abecs, afirma que é “estritamente impossível” desenvolver e colocar em prática o dividir inteligente em 2026, calendário atualmente previsto, ou mesmo nos anos imediatamente seguintes.
“[No Brasil] Temos uma média de 5.000 transações com cartão por segundo. No Dia das Mães, Natal e feriados esse número triplica. Imagine inserir um sistema neste mundo com uma consulta a uma Receita em que esse sistema nem começou a ser pensado, muito menos projetado e programado”ele afirma.
Para o executivo, porém, é razoável trabalhar inicialmente com a ideia de um sistema simplificado e garantir na norma a previsão de evolução à medida que as condições técnicas forem construídas.
PAGAMENTO DIVIDIDO GT
Em entrevista ao jornal digital Poder360o secretário extraordinário da reforma tributária, Bernard Appy, afirmou que o Ministério da Fazenda pretendia criar um grupo de trabalho sobre a pagamento dividido em agosto.
O grupo ainda não foi formalizado. A Fazenda afirmou, porém, por meio de nota enviada, que essa formalização será feita “nos próximos dias”.
Em relação às demandas do setor financeiro, o ministério disse que “não se posiciona sobre demandas setoriais, mas entende a importância da segurança jurídica e do sequenciamento racional na implementação do “pagamento parcelado”.
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