Cinco jovens brasileiros escolhidos em processo seletivo representarão o Brasil na troca de experiências, discussões e construção de propostas que serão apresentadas em novembro na cúpula do Grupo dos 20 (G20), que reúne as maiores economias globais e que este ano é presidido pelo Brasil. O grupo compõe a delegação Y20 (Youth20, em inglês), que garante a participação social e o protagonismo de jovens de todo o mundo no processo de decisão internacional.
“Trabalhamos para fortalecer o protagonismo dos jovens nos espaços de decisão do G20 e do mundo.”, explica Marcus Barão, presidente do Y20 e presidente do Conselho Nacional da Juventude.
Philippe Diogo da Silva, Mahryan Rodrigues, Leandro Corrêa, Daniela Costa e Guilherme Manços se reunirão com jovens representantes de outros países membros e convidados em Belém do Pará, no Y20 Pré Summit, a partir desta segunda-feira (17). Durante três dias, participarão do primeiro encontro presencial para construir o chamado Comunicado, documento com demandas e propostas dos jovens para o desenvolvimento econômico e social global.
“Será muito positivo para nós conseguirmos organizar uma proposta como a do Sul Global. E para que este Sul Global tenha voz, juntamente com outros países do Norte Global, e que possamos encontrar uma linha tênue para podermos enfrentar os dados que sempre nos colocam à margem da sociedade em situação de vulnerabilidade”, afirma Filipe Silva.
Cada representante, com idades entre 18 e 30 anos, tratará de um dos temas prioritários escolhidos pela presidência do Y20 para conduzir os trabalhos. Os debates serão sobre o combate à fome, à pobreza e à desigualdade; alterações climáticas, transição energética e desenvolvimento sustentável; reforma do sistema de governação global; inclusão e diversidade; e inovação e o futuro do mundo do trabalho.
Um segundo encontro, o Y20 Summit, acontecerá entre os dias 10 e 17 de agosto, no Rio de Janeiro. Finalizará o documento a ser apresentado à cimeira do G20.
“É a possibilidade dos jovens, principalmente dos brasileiros, levarem suas demandas adiante. Tendo em mente que os jovens brasileiros, que se mostram em situação de vulnerabilidade, que não conseguem acessar o mercado de trabalho e que também não conseguem se profissionalizar, são as principais vítimas da fome, do subemprego e de outras suboportunidades que surgem ”, destaca Philippe Silva, que abordará debates sobre combate à fome, pobreza e desigualdade
Silva e os outros quatro delegados, além de participarem da agenda do Y20 em reuniões virtuais e presenciais de engajamento juvenil, também passam por uma série de treinamentos para que possam atuar efetivamente nessa representação. “Recentemente tivemos treinamento com a ONU Brasil e diversas agências unidas que nos treinaram e nos forneceram subsídios, não apenas dados, mas aportes técnicos para que possamos debater e apresentar propostas para esse impacto político e construir o texto final da melhor forma possível. possível. Apesar de uma visão otimista, acredito que um dos nossos maiores desafios será a construção de consensos”, destaca Mahryan Rodrigues, que trabalha com mudanças climáticas, transição energética e desenvolvimento sustentável.
Criado em 2010, o Y20 é um dos fóruns de maior influência internacional e um dos mais importantes sobre a juventude no mundo. Embora os delegados participem dos debates divididos em eixos, a construção do consenso acaba convergindo para a questão econômica. “Eu diria que um dos maiores desafios é pensar quais são os obstáculos e as alternativas de financiamento e meios de implementação para que os países em desenvolvimento também façam a transição verde nas suas economias. Sabemos que os países desenvolvidos têm mais recursos financeiros e menos desigualdades para lidar”, destaca Mahryan Rodrigues.
Para Mahryan, outras construções poderiam advir da transversalidade dos temas, como o alcance social necessário para que a transição verde seja para todos, para que a justiça climática aconteça nos países em desenvolvimento e para que as soluções para as alterações climáticas sejam efetivamente sustentáveis. “Costumo dizer que a crise climática vai chegar para todos, para algumas pessoas ela já chegou e algumas pessoas serão mais afetadas primeiro e de forma mais intensa. Então, dentro deste grupo do G20, apesar da economia ser um problema comum, temos países com mais desigualdades para resolver”.
Segundo Barão, a escolha de Belém para iniciar os debates presenciais reflete o compromisso do Y20 com a agenda internacional, já que a cidade sediará a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em 2025 e reforça a importância da Amazônia região para o equilíbrio ambiental.
Para os jovens, também incentivará a participação social na reflexão sobre novas estratégias para a região e poderá auxiliar nos debates sobre a implementação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), atualizadas anualmente nas conferências partidárias.
Philippe Silva reforça ainda que o exercício da representação é uma formação para que os jovens possam no futuro estar preparados para liderar as discussões nestes grandes fóruns globais. “Em breve estaremos nesses mesmos espaços que eles ocupam e poderemos garantir uma estrutura mínima que precisamos, participação, voz, sociabilidade e, claro, qualidade de vida. Em muitos países vemos que, hoje, os jovens só são capazes de sobreviver, e chegamos a um momento em que já não é possível ter uma juventude, ou uma classe trabalhadora, que ainda só pensa em sobreviver. Precisamos alcançar uma vida de qualidade, com acesso a todos os direitos de forma universal e igualitária”, finaliza.
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