Em 2023, após seis anos de crescimento ininterrupto, a produção agrícola nacional apresentou queda na geração de valor da produção, em números absolutos, mesmo com a consolidação de um novo recorde na produção de grãos. O valor da produção das principais culturas agrícolas do Brasil atingiu R$ 814,5 bilhões, o que representa uma queda de 2,3% em relação ao ano anterior. É o que aponta a Produção Agrícola Municipal (PAM) 2023, divulgada nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o excesso de oferta de algumas das principais commodities agrícolas, como a soja e o milho, que bateram recordes de produção no país, e o esfriamento dos mercados consumidores globais, os preços dos principais produtos agrícolas nacionais sofreram forte correção ao longo do ano, diretamente impactando na receita gerada. No total, as dez culturas com maior valor de produção bruta concentraram 87% de todo o valor bruto gerado pela produção agrícola nacional.
Segundo o IBGE, entre todas as culturas agrícolas, a soja ainda se destaca em termos de valor gerado. A oleaginosa também alcançou recorde de produção e exportação em 2023. O volume total produzido atingiu 152,1 milhões de toneladas, aumento de 25,4% no ano. Segundo a pesquisa, a soja voltou a ter o maior valor de produção entre os produtos agrícolas pesquisados, totalizando R$ 348,7 bilhões, um aumento de 0,4% em relação ao ano anterior.
Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, em 2023, a soja voltou a liderar o ranking de valor gerado com as exportações entre os produtos nacionais.
“Por sua vez, o valor da produção obtido com a produção de milho apresentou uma queda substancial. Influenciados principalmente pela correção dos preços das commodities no mercado global, após anos de alta, e como reflexo de uma excelente colheita em termos de volume colhido, os produtores tiveram dificuldade até mesmo em encontrar armazéns de estoque para receber os grãos que vinham do campo, como também competiram com uma supersafra de soja”, informa o IBGE.
Segundo o instituto, o volume de milho produzido no ano foi de quase 132 milhões de toneladas, um aumento de 20,2% em relação a 2022. “No entanto, com a queda dos preços nas bolsas internacionais, o valor da produção foi na direção oposta, com uma retração de 26,2%”, destaca a pesquisa.
Mesmo com o registro de adversidades climáticas que afetaram a produtividade no extremo sul do país, em 2023, houve a maior colheita de grãos registrada na série histórica da pesquisa. Foi possível observar a expansão das áreas plantadas com soja e milho, as duas principais culturas nacionais, impulsionada pelos bons resultados alcançados nas últimas safras, aliados aos preços das principais commodities, que permaneceram em patamares elevados nos anos anteriores, incentivando produtores a investir nessas culturas.
Ambos, que juntos respondem por quase 90% do volume de grãos produzidos no país, aproveitando as condições climáticas favoráveis da maior parte das regiões produtoras, apresentaram aumento no rendimento médio, recuperando-se dos efeitos da seca que afetou as lavouras em 2022.
Em 2023, o Brasil, que já ocupava a posição de maior produtor de soja do mundo, obteve novo recorde de colheita, resultado da ampliação das áreas de cultivo e da melhor produtividade no campo. Esse resultado impactou diretamente no aumento da oferta mundial de oleaginosas, fazendo com que os preços dessa commodity fossem pressionados para baixo. Neste quadro, mesmo num ano de super colheita, registou-se um aumento de 0,4% no valor da produção agrícola.
“Em relação aos produtos, destaque para a soja. O peso da soja no valor da produção agrícola em 2023 foi de 42,8%. Temos quase metade do peso do valor da produção agrícola nacional proveniente da soja. A soja lidera em valor da produção agrícola em todas as regiões, com exceção do Sudeste”, diz o IBGE.
“Em relação às exportações, tivemos um aumento de 29,4%, recorde com quase 102 milhões de toneladas exportadas no ano de 2023. A soja continua sendo o produto com maior participação na pauta exportadora do país e a China continua sendo o maior parceiro comercial do país 76% da soja exportada foi destinada à China”, destaca o supervisor nacional do PAM, Winicius Wagner.
A área plantada, considerando todas as culturas levantadas no PAM 2023, totalizou 96,3 milhões de hectares, o que representou um aumento de quase 5 milhões de hectares. O resultado supera em 5,5% o registrado no ano anterior, mantendo o ritmo de crescimento observado nos últimos anos no território nacional. Entre os produtos que vêm ganhando mais espaço no campo, destaca-se a soja com acréscimo de mais 3,2 milhões de hectares de área cultivada, seguida pelo milho segunda safra, com aumento de 1,2 milhão de hectares.
Em 2023, o Centro-Oeste voltou a ser a grande região com maior valor de produção agrícola, totalizando R$ 274,9 bilhões, redução de 9,5% em relação ao ano anterior, com destaque para a produção de soja, milho e algodão.
Entre os estados, o destaque foi mais uma vez Mato Grosso, com a geração de R$ 153,5 bilhões, queda de 12,2% no ano, com maior participação da soja, seu principal produto agrícola, mesmo com queda recorde de 5. 9% no valor gerado com a oleaginosa.
O município de Sorriso, no Mato Grosso, apesar da queda de 27,6%, gerou mais uma vez o maior valor da produção agrícola nacional, totalizando R$ 8,3 bilhões, tendo a soja e o milho as culturas de maior valor.
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