O mal-estar vindo do exterior faz com que a curva de juros brasileira não consiga acompanhar a queda observada nas taxas de juros dos Treasuries, com taxas aqui próximas dos reajustes do dia anterior.
O longo prazo tem leve viés de alta, com pressão do dólar, mas o movimento é limitado pela aposta majoritária do mercado na alta de 0,25 ponto percentual da taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), praticamente inalterada pela quase estabilidade do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado.
No início do pregão, os juros caíram com o IPCA de agosto, que apresentava deflação de 0,02%, mas o movimento não se sustentou. Isso porque o número, próximo da estabilidade, não alterou a projeção majoritária de alta de 0,25 ponto percentual da Selic em setembro.
“O que já estava precificado na curva, antes mesmo do IPCA, era uma probabilidade de alta de 25 pontos-base na próxima reunião. Foi isso que o Banco Central parece ter feito questão de reforçar nas últimas comunicações. muito claro no seu discurso do ajuste gradual no início do ciclo”, comenta Carlos Lopes, economista do Banco BV.
Segundo ele, a precificação para setembro está um pouco acima dos 30 pontos-base e para novembro e dezembro está em torno de 40 pontos-base. Isto aponta para uma probabilidade de 80% de um aumento de 0,25 pontos percentuais na reunião da próxima semana, e uma probabilidade de 60% de um aumento de 0,25 pontos percentuais. em novembro e dezembro.
A deterioração do sentimento de risco no exterior ocorreu depois que o vice-presidente do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano), Michael Barr, anunciou novas propostas regulatórias e exigências de capital bancário. Assim, os investidores buscaram refúgio na moeda americana, que fechou em R$ 5,6553 (+1,32%), adicionando pressão específica à curva de juros local.
“Em tese, deveríamos estar acompanhando um pouco o fechamento do Tesouro, mas essa nova proposta de regulação bancária acabou ‘desencadeando’ um movimento de aversão ao risco, com o dólar subindo, fazendo com que nossas taxas de juros se descolassem do comportamento de NY” , ele afirma. Daniel Leal, estrategista de renda fixa da BGC Liquidez.
Porém, “quando o câmbio sobe assim, com uma subida superior a 1%, era de esperar que as taxas de juro subissem muito mais”, pondera Alexandre Mathias, estrategista-chefe da Monte Bravo. O movimento, segundo o estrategista-chefe, sinaliza que “a curva já tem prêmio suficiente”, encontrando a precificação na expectativa de alta da Selic.
A taxa do contrato de depósito interbancário (DI) para janeiro de 2026 fechou em 11,745%, ante 11,760% no reajuste de segunda-feira. O vencimento para janeiro de 2027 fechou em 11,725%, de 11,700%, e o de janeiro de 2029 subiu para 11,810%, de 11,778%.
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