Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) poderá realizar neste ano leilões para contratar reduções temporárias no consumo de energia da grande indústria por períodos mais longos, em um novo recurso que começará a ser testado no país para contribuir para o gestão do sistema elétrico nacional.
A realização de leilões pelo ONS foi aprovada nesta terça-feira pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em um aperfeiçoamento do chamado “programa de resposta à demanda”, que desde 2018 busca incentivar grandes consumidores industriais a reduzirem temporariamente seu consumo. durante o horário de trabalho. pico, em troca de remuneração.
O programa de resposta à demanda, que já atrai a participação de grandes indústrias, como Braskem (BVMF:), CSN (BVMF:) e Companhia Brasileira de (CBA), está sendo utilizado atualmente pelo ONS como recurso de curto prazo.
Hoje, as indústrias fazem ofertas voluntárias para reduzir o consumo para o dia seguinte – com os leilões, a ideia é que o operador também possa contratar a disponibilização dessa redução no consumo industrial por períodos maiores, com contratos de até 1 ano.
Do ponto de vista de recursos financeiros, pode ser mais gratificante para o sistema elétrico brasileiro reduzir o consumo de algum grande consumidor do que pagar valores maiores para acionar usinas termelétricas, por exemplo, principalmente neste período do ano, quando as térmicas usinas foram mais acionadas para compensar a redução dos reservatórios hidrelétricos.
A proposta é que esse novo produto de “disponibilidade” possa ser contratado pelo ONS já em outubro deste ano, pelo prazo de quatro meses, como recurso adicional para o órgão se mobilizar para atender a “dica”.
Desde o início do ano, o ONS conecta usinas termelétricas para garantir o fornecimento de energia elétrica nos horários de pico de carga, principalmente no final da tarde, quando as usinas solares param de gerar. A resposta à procura surge neste contexto como uma alternativa à redução da procura, em vez de desencadear geração adicional.
Ainda não há data definida para o primeiro processo competitivo, mas a proposta aprovada pela Aneel prevê que as competições poderão ser realizadas até 2026, em ambiente experimental.
Nas licitações, as indústrias interessadas deverão participar com ofertas com preço e disponibilidade para redução da demanda em megawatts (MW), pelo prazo de 4 horas. Cada oferta tem um limite mínimo de 5 MW e máximo de 100 MW.
A remuneração desse novo produto envolverá uma renda fixa, com a indústria se disponibilizando para ser acionada pelo ONS, até quatro vezes por mês, para reduzir seu consumo nos horários de pico. Se ativado, o consumidor também receberá uma parcela da receita variável liquidada pelo preço de liquidação de diferenças (PLD), referência para o setor elétrico.
Em reunião de diretoria nesta terça-feira, o diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, destacou a importância do programa de resposta à demanda, tendo o produto de curto prazo sido mobilizado pelo ONS por mais de 20 dias, tanto em julho quanto em agosto.
“Esperamos que esse mecanismo seja importante para que possamos superar esse momento mais desafiador, principalmente em termos de atendimento na ponta”, disse Feitosa.
“Por se tratar de uma ferramenta disponível, já em uso, sua eficácia e eficiência já são bem atestadas pela operadora”, reiterou o diretor-geral da Aneel sobre a utilização no curto prazo da resposta à demanda.
(Por Letícia Fucuchima)
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