Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas de longo prazo do DI registraram nesta sexta-feira a quarta sessão consecutiva de quedas, em linha com a queda dos rendimentos do Tesouro no exterior, após a divulgação de dados mistos sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos.
Entre os contratos de muito curto prazo, as taxas terminaram perto da estabilidade, com os investidores aumentando ainda mais as apostas de que o Banco Central do Brasil aumentará a taxa básica Selic em 25 pontos base este mês, e não em 50 pontos base.
No final da tarde, a taxa DI para outubro de 2024 – uma das mais líquidas atualmente, refletindo as apostas para o Copom de setembro – estava em 10,522%, ante 10,522% do reajuste anterior.
A taxa DI para janeiro de 2025 foi de 10,91%, ante 10,916% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2026 foi de 11,735%, ante 11,684%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 11,78%, ante 11,841%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 11,75%, ante 11,801%.
Num dia movimentado no Brasil, os investidores recorreram à divulgação do relatório da folha de pagamento no exterior, com números sobre a criação de empregos fora do setor agrícola dos EUA.
O Departamento do Trabalho informou que a economia dos EUA criou 142 mil empregos em Agosto, após 89 mil em Julho, num número revisto em baixa. Economistas consultados pela Reuters previram a criação de 160 mil empregos, depois dos 114 mil em julho, conforme divulgado anteriormente.
Por outro lado, a taxa de desemprego nos EUA foi de 4,2%, conforme esperado, mas abaixo dos 4,3% do mês anterior, sugerindo que o mercado de trabalho continua resiliente.
Os números mistos geraram volatilidade.
Numa primeira reação, os rendimentos do Tesouro perderam força, o que também levou as taxas de alguns DIs aos mínimos do dia no Brasil. Às 9h31 – um minuto após a divulgação da folha de pagamento – a taxa DI de janeiro de 2031 marcava mínima de 11,70%, queda de 14 pontos base em relação ao reajuste do dia anterior.
Pouco depois, os rendimentos do Tesouro recuperaram para máximos da sessão, à medida que os investidores se agarravam à aparente resiliência do mercado de trabalho dos EUA. Essa recuperação também foi percebida entre os DIs. Às 10h47, a taxa do contrato para janeiro de 2031 atingia máxima de 11,84%, praticamente estável em relação ao reajuste anterior.
No restante da sessão, porém, as taxas retornaram a território negativo tanto nos EUA quanto no Brasil, encerrando uma semana geralmente positiva para os ativos brasileiros, com quatro quedas consecutivas nas taxas longas do DI.
“A (taxa) do Tesouro de dez anos despencou para 3,70%… (É importante) lembrar que esse Tesouro há um ano estava em 4,75%”, disse o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comunicado enviado aos clientes. Segundo ele, a queda nos rendimentos do Tesouro é “uma excelente notícia” e “por isso temos visto uma recuperação dos juros brasileiros, caindo bem”.
Entre os contratos mais curtos, porém, as taxas terminaram próximas da estabilidade. Na curva futura, as apostas de que o BC elevará a Selic em 25 pontos base neste mês se consolidaram nos últimos dias. Atualmente a taxa básica é de 10,50% ao ano.
Perto do fecho desta sexta-feira, a curva precificou uma probabilidade de 96% de um aumento de 25 pontos base e apenas 4% de probabilidade de um aumento de 50 pontos base. Há uma semana esses percentuais eram de 63% e 37%, respectivamente.
No exterior, os rendimentos continuaram caindo neste final de tarde. Às 16h44, a referência global para decisões de investimento caía 2 pontos base, para 3,717%. O retorno do Tesouro a dois anos – que reflecte apostas na direcção das taxas de juro de curto prazo – caiu 9 pontos base, para 3,665%.
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