Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI fecharam a quarta-feira com queda firme, ultrapassando 15 pontos-base entre os contratos mais longos, com a curva brasileira acompanhada pela queda nos rendimentos dos Treasuries após a divulgação de dados fracos sobre o mercado de trabalho dos EUA.
A queda da produção industrial brasileira em julho contribuiu para o cenário mais geral de taxas futuras mais baixas, embora o extremo curto da curva sugira alguma resistência dos investidores em reduzir com mais firmeza as suas apostas num aumento de 50 pontos base na taxa básica Selic. este mês.
No final da tarde, a taxa DI para outubro de 2024 – uma das mais líquidas atualmente, refletindo as apostas para o Copom de setembro – estava em 10,526%, ante 10,531% do reajuste anterior.
A taxa DI para janeiro de 2025 foi de 11,925%, ante 10,982% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2026 foi de 11,76%, ante 11,907%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 11,94%, ante 12,105%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 11,91%, ante 12,08%.
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a produção industrial caiu 1,4% em julho em relação ao mês anterior, resultado pior que a expectativa de queda de 0,9% em pesquisa da Reuters. Foi o pior resultado para julho desde 2021. Em junho, a produção havia aumentado 4,3%.
Apesar do fraco resultado da indústria brasileira, as taxas DI permaneceram elevadas no início da sessão. O cenário mudou após a divulgação do relatório Jolts sobre o mercado de trabalho norte-americano pela manhã.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que as vagas de emprego – uma medida da procura de mão-de-obra – caíram 237.000, para 7,673 milhões no último dia de julho, o nível mais baixo desde janeiro de 2021. Os dados de junho foram revistos para baixo para mostrar 7,910 milhões. empregos não preenchidos, abaixo dos 8,184 milhões relatados anteriormente.
Os números do Jolts somaram-se aos fracos dados do setor industrial dos EUA divulgados na terça-feira, reforçando as preocupações em torno de uma possível recessão nos EUA. Em reação, os rendimentos do Tesouro sofreram fortes perdas durante o dia e as taxas DI no Brasil seguiram o exemplo.
“(A curva brasileira) ficou um pouco lateral, mesmo com a PIM (Pesquisa Industrial Mensal, do IBGE). Mas os dados lá fora eram fracos, os Treasuries (yields) caíram e isso nos levou junto”, comentou o economista-chefe do banco Bmg, Flavio Serrano.
Segundo Diego Faust, operador da Manchester Investimentos, a curva brasileira fechou em linha com o exterior, mas também influenciada pelos dados anteriores da indústria brasileira, que ficaram abaixo do esperado.
Um dos efeitos do movimento desta quarta foi a redução das apostas de que o Banco Central aumentará a Selic em 50 pontos-base neste mês.
Perto do fechamento, a curva precificou 78% de probabilidade de alta de 25 pontos-base na Selic e 22% de chance de alta de 50 pontos-base. Na véspera, os percentuais eram de 72% e 28%, respectivamente.
“Estou surpreso com a demora (do mercado em reduzir as apostas no aumento de 50 pontos-base) depois que o (presidente do BC) Roberto Campos Neto falou na semana passada”, ponderou Serrano, do Bmg.
Na sexta-feira, Campos Neto avaliou que o prêmio de risco na parte curta da curva não era compatível com comunicações recentes do BC. Além disso, afirmou que se houver um ciclo de subida da Selic será “gradual”.
Desde então, o aumento da Selic em 50 pontos-base diminuiu, embora a probabilidade ainda embutida na curva não seja desprezível.
No exterior, os rendimentos do Tesouro continuaram a cair de forma constante. Às 16h46, o O – referência global para decisões de investimento – caía 8 pontos base, para 3,759%.
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