A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que, em setembro, será acionada a bandeira vermelha patamar 2, o que implica cobrança extra na conta de luz. Esta taxa adicional não é aplicada desde agosto de 2021.
Porém, o impacto para os consumidores de Campo Grande não será tão pronunciado devido à redução da arrecadação de impostos federais.
Segundo o Conselho de Consumidores da Área de Concessão da Energisa Mato Grosso do Sul (Concen-MS), houve redução da alíquota de PIS/Cofins que incide sobre a tarifa de energia elétrica em algumas regiões. “Quando há redução de impostos, isso diminui um pouco o impacto das bandeiras”, afirma a presidente do Concen, Rosimeire da Costa.
Conforme já publicado pelo Correio do Estado, a redução dos créditos de PIS e Cofins na conta de luz em Mato Grosso do Sul foi um dos fatores que contribuíram para a redução média de 1,61% nas tarifas da Energisa MS, que entrou em vigor no dia 8 de abril. , 2024.
A bandeira vermelha nível 2 foi acionada devido à previsão de chuvas abaixo da média para setembro, o que deve resultar em queda de 50% na afluência dos reservatórios hidrelétricos do país.
“Esse cenário de falta de chuvas, aliado às temperaturas acima da média histórica em todo o país, faz com que as termelétricas, que geram energia com custo superior às hidrelétricas, precisem operar mais. Portanto, os fatores que desencadearam a bandeira vermelha nível 2 foram o GSF (risco hidrológico) e o aumento do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD)”, explicou a Aneel em nota.
Segundo a Aneel, o mês de setembro sinaliza maiores custos para geração de energia elétrica, com aumento de R$ 7.877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
CUSTOS
Segundo cálculo do Concen-MS, o valor por kWh varia em função de taxas locais, como taxas de iluminação pública e impostos federais. Considerando as tarifas praticadas em Campo Grande, referentes ao mês de setembro, o reajuste não deverá ultrapassar R$ 5.
Um morador da Capital que gastava 50 kWh por mês pagava R$ 0,95 por kWh consumido em julho, R$ 0,93 em agosto e agora paga R$ 0,90. Quem consumiu 100 kWh pagou R$ 1,14 por unidade em julho, passou para R$ 1,12 em agosto e passou a pagar R$ 1,13 em setembro.
O consumidor que gastou 300 kWh pagou R$ 1,30 em julho, no mês passado pagou R$ 1,27 e vai pagar R$ 1,284 neste mês.
O consumidor que consumiu 600 kWh pagou R$ 1,24 por cada kWh em julho, R$ 1,22 em agosto e agora R$ 1,228.
Considerando o valor estimado para cada faixa pelo Concen, é possível afirmar que as unidades que consumirem a partir de 600 kWh terão acréscimo de R$ 4,80 na conta de luz. Já uma conta que custava R$ 732 em agosto passa a ser de R$ 736,80 a partir deste mês.
Na faixa de consumo médio, quem utiliza 300 kWh notará uma diferença de R$ 4,20 entre o mês passado e o atual, onde uma conta de luz que custava R$ 381 subirá para R$ 385,20.
Os consumidores da faixa que utilizam 100 kWh por mês passam de uma conta de R$ 112 para R$ 113.
Rosimeire da Costa alerta que, apesar dos custos permanecerem relativamente estáveis em setembro, o valor da geração de energia poderá aumentar ainda mais nos próximos meses.
“Até o final do período de estiagem, que vai até novembro, é possível que ativemos de 70% a 80% das termelétricas. Portanto, há perspectiva de permanência da bandeira vermelha, pois quanto mais caro o PLD, mais complicado fica o preço para quem precisa comprar energia no curto prazo”, destaca.
BANDEIRAS
A bandeira vermelha nível 2 não era acionada desde agosto de 2021. A sequência de bandeiras verdes, iniciada em abril de 2022, só foi interrompida em julho de 2024 com a bandeira amarela, seguida pela bandeira verde em agosto.
Segundo a Aneel, o sistema de bandeiras permite que os consumidores façam escolhas de consumo que contribuem para a redução dos custos de operação do sistema, diminuindo a necessidade de acionamento de termelétricas.
Antes da implantação das bandeiras, os custos operacionais eram repassados apenas nos reajustes tarifários anuais, o que impedia que os consumidores ajustassem seu consumo em resposta aos aumentos de preços em tempo real.
“As bandeiras permitem que o consumidor tenha um papel mais ativo na definição da sua conta de energia. Ao saber o valor adicional antes do início do mês, eles podem adequar seu consumo para ajudar a reduzir a conta”, informa o órgão.
O presidente da Concen-MS também alerta os consumidores para a necessidade do uso consciente da energia elétrica em Mato Grosso do Sul, a fim de evitar desperdícios.
“No início de setembro temos noites mais frescas, o que leva ao uso do chuveiro elétrico, enquanto durante o dia, com temperaturas acima de 30ºC, o ar condicionado é acionado. Recomendamos usar o chuveiro no modo verão ou limitar o tempo do banho a 5 minutos no modo inverno. Outra dica é acumular roupas para lavar e passar, além de tomar cuidado com equipamentos que consomem muita energia, como chuveiros, sanduicheiras e airfryers”, aconselha Rosimeire.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado pela Aneel em 2015 para indicar aos consumidores os custos da geração de energia no Brasil, refletindo fatores como a disponibilidade de recursos hídricos, o avanço das fontes renováveis e o acionamento de fontes de geração mais caras, como as termelétricas .
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