Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) – O governo trabalha para que a sabatina no Senado do economista Gabriel Galípolo, indicado à presidência do Banco Central, ocorra antes mesmo da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o 17 e 18 de setembro, mas um impasse nas regras de execução de emendas parlamentares – suspensas por ordem do Supremo Tribunal Federal – pode levar o processo para depois das eleições, disseram à Reuters duas fontes do Palácio do Planalto e uma do Senado .
Segundo fontes, o Planalto vem tentando um entendimento com o Senado. Nos últimos dias, membros e interlocutores do governo conversaram com Vanderlan e pediram que Galípolo fosse interrogado na próxima terça-feira, 3 de setembro, disse à Reuters fonte próxima ao senador logo após o anúncio da escolha de Galípolo nesta quarta-feira.
Nas conversas, segundo esta fonte, o próprio Vanderlan indicou inicialmente que o melhor seria que Galípolo – atual diretor de Política Monetária do BC – fosse entrevistado daqui a duas semanas, no dia 10, ganhando mais tempo para visitar o cargos e apresentar suas credenciais aos senadores colegiados.
Porém, em entrevistas posteriores à GloboNews e à CNN, Vanderlan deu indícios conflitantes sobre a votação da indicação. Primeiro disse que seria melhor que isso acontecesse depois da primeira volta das eleições autárquicas, marcada para 6 de outubro, mas depois disse que não havia data.
As declarações do presidente da CAE foram vistas no Planalto como uma tentativa de valorizar seu passe, segundo as duas fontes palacianas. A avaliação é que Vanderlan poderia estar usando a nomeação de Galípolo para pressionar a criação de um acordo melhor para o Congresso depois que o STF suspendeu a execução de emendas parlamentares e instou os outros dois Poderes a editarem em breve novas regras para dar transparência e rastreabilidade. a esses fundos.
Segundo fontes, esse é o único assunto pendente no Senado depois que o governo chegou a um acordo com a Câmara na véspera e retirou da pauta um projeto que anulava parcialmente um decreto de Lula sobre porte e posse de armas.
Na entrevista à GloboNews, Vanderlan disse que havia acordos que não estavam sendo cumpridos pelo governo e que era necessário mais diálogo. Ele enfatizou que não vê risco de “contaminação” dessas discussões.
Duas fontes do Senado afirmaram que o pano de fundo do conflito em torno das datas de votação da audiência do Galípolo é, na verdade, a questão das emendas.
Porém, todas as fontes do governo e do Senado afirmaram que, no mérito, a indicação de Galípolo será aprovada sem maiores problemas.
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