A Enel Brasil divulgou nesta terça-feira, 27, um projeto piloto que testará mudanças na rede elétrica da região metropolitana de São Paulo, com foco em maior resiliência em relação às mudanças climáticas. A empresa foi alvo de questionamentos após sucessivas falhas e interrupções de serviço após tempestades no final de 2023 e no início do ano. Principalmente em março, após fortes chuvas, áreas de bairros como Morumbi, Higienópolis e Pinheiros ficaram sem energia elétrica por horas ou até dias.
Segundo a Enel, desde abril, os bairros Parque dos Príncipes e Alto de Pinheiros, na zona oeste da capital, e Alvarenga, em São Bernardo do Campo, começaram a receber nova fiação, transmissores inteligentes e uma intensificação do serviço de poda de árvores.
Essas mudanças serão finalizadas nessas localidades até dezembro deste ano e serão utilizadas para o estudo da empresa sobre quais soluções são mais eficientes na redução de reclamações dos moradores.
A partir de janeiro serão analisados os resultados recolhidos nos três bairros, em termos de redução das interrupções do serviço e do tempo de reinício. Depois, deverá ser criado um projeto de expansão para outras áreas da cidade – ainda sem data ou escopo previsto. A empresa pretende investir R$ 6,2 bilhões em melhorias e modernização da rede paulista até 2026.
“Nosso objetivo é aumentar a resiliência da nossa rede para enfrentar as mudanças climáticas, que têm afetado a todos”, disse o presidente da empresa no Brasil, Guilherme Lencastre, em evento na empresa que reuniu moradores dos bairros do projeto piloto, à imprensa e representantes do setor energético.”O mais importante para nós é recuperar o serviço mais rapidamente. Esse é o nosso foco principal.”
Modernização e automação
Segundo o chefe de planejamento e gestão da Enel em São Paulo, Marcos Floresta, os fios elétricos desencapados serão substituídos por modelos cobertos e mais resistentes à queda de árvores, por exemplo, nos bairros escolhidos para o projeto. Também utilizarão sistemas tecnológicos que detectam o tipo de dano na fiação e, caso seja algo temporário, como um ramal que caiu mas não danificou a rede elétrica, o sistema é reiniciado automaticamente, sem necessidade de intervenção. avaliação pessoal por um técnico, como funciona hoje.
“Escolhemos locais com longo histórico de interrupções e que apresentam diversos problemas, como grande número de árvores, fiação antiga e rede transmissora defeituosa. O objetivo é estudar o desempenho desses recursos nessas áreas para entender o que vale a pena replicar. no restante da cidade”, diz Floresta.
A empresa promete ainda instalar 425 novos transmissores, reduzindo de 770 para 470 o número de imóveis conectados a um ponto de transmissão – dessa forma, quando há dano em algum ponto da rede, menos residências são afetadas pela interrupção do serviço. E contratar e treinar 1.200 eletricistas até março de 2025 para operar equipamentos antigos e novos
O serviço de monitoramento climático também foi aprimorado, segundo Lencastre, com consultas a cientistas que estudam e desenvolvem novas tecnologias de medição climática, além da união com o governo do Estado, que vem trabalhando com esse mesmo objetivo.
A empresa afirma que não pretende investir, neste momento, na ampliação do aterramento da fiação elétrica, pois o custo desse tipo de projeto é dez vezes maior que o da fiação aérea. Segundo Floresta, hoje apenas 5% da rede elétrica operada pela Enel é subterrânea – mas a modalidade atende 20% da demanda de energia, cobrindo principalmente o centro.
E em outros bairros?
A Enel afirma que, apesar do projeto piloto ser uma grande melhoria nos três bairros selecionados para testar quais tecnologias são eficazes e o impacto no serviço, outros locais com grandes reclamações de clientes também serão atendidos com modernização do serviço, em tempo hábil. .
No centro de São Paulo, por exemplo, na região de Santa Cecília e Higienópolis, onde moradores ficaram mais de 45 horas sem luz em março deste ano, equipamentos de rede subterrânea estão sendo trocados por produtos mais modernos, segundo a empresa.
Segundo a Enel, a falha na região no início do ano ocorreu devido a uma falha na rede subterrânea, que geralmente demora mais para ser reparada. A modernização da área deverá ser concluída até o final deste ano, antes do novo período chuvoso de verão.
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