O secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, afirmou que estruturalmente o projeto do devedor contumaz é o mais importante para o Fisco. Disse que as negociações dos últimos meses ajudaram a vencer a resistência dos empresários e alertou para a importância de fechar o cerco às empresas controladas pelo crime organizado e que contornam o Sistema Tributário. “Outros projetos têm chamado mais atenção, mais debate, mas este é o mais importante porque faz a passagem de uma Receita punitiva e fiscalizadora para uma Receita orientadora, parceira do contribuinte”, afirmou em reunião da Frente Parlamentar de Empreendedorismo (FPE), para um debate sobre devedor contumaz.
Barreirinhas disse que os empresários já entenderam que não há empresas sérias na lista dos devedores contumaz, uma vez que os devedores diferenciados, que faturam mais de R$ 300 milhões, são “menos de 20 empresas”.
“Existem empresas controladas pelo crime organizado. Nós sabemos disso. Enquanto isso, o crime organizado continua, com essas empresas lavando dinheiro. Então não estamos falando de receita. Quando a gente fala que eles vão pagar R$ 200 bilhões, esses devedores contumaz, isso é Mas o que é ainda mais importante é quantas pessoas são vítimas do crime organizado, que lava dinheiro criminoso através dessas empresas”, disse o secretário.
Ao defender a proposta do devedor contumaz, Barreirinhas destacou que o texto prevê a redução, por exemplo, da CSLL em situações de empresa que permaneça no nível máximo de regularização. Da mesma forma, os contribuintes com alto nível de compliance não ficarão chocados se receberem a visita de um auditor fiscal, que no máximo sairá com orientações.
Barreirinhas defendeu ainda que a legislação criada na Receita foi “totalmente objetiva” e que este é um atributo importante neste projeto. “Nosso inimigo não é o contribuinte, nosso inimigo é quem está usando essas estruturas para prejudicar o mercado. A Receita não pode ser adversária do contribuinte que simplesmente não conseguiu pagar o imposto, nem daquele empresário que é um bom empresário, ele ele simplesmente tentou fazer as coisas funcionarem lá e sabemos que é difícil não vou tratá-lo da mesma forma que o mau contribuinte, o contribuinte que sabe o que faz, mas construiu todo o seu negócio para ganhar dinheiro com a empresa. evasão fiscal”, disse ele.
A proposta de punir devedores contumaz foi enviada originalmente ao Congresso dentro do projeto de lei 15, no início do ano, mas enfrenta resistência no processo. O governo incluiu então na medida provisória o mesmo dispositivo que promoveria mudanças no PIS/Cofins – mesmo tendo retirado a parte mais polêmica do texto, esse debate também não prosperou.
Mudança de perfil
O secretário da Receita Federal disse que o projeto de lei 15/2024, que também inclui a classificação dos devedores contumaz, é importante porque institui uma mudança no perfil do fisco. “É o passo decisivo para a mudança de uma Receita Federal fiscalizadora e punitiva para uma Receita Federal orientadora, parceira do contribuinte”, comentou.
Embora a discussão sobre o devedor contumaz tenha chamado mais atenção, a Receita considera crucial a primeira parte da proposta, pois apoia a nova postura da Autoridade Tributária. O pilar compliance da proposta traz três programas específicos.
O Confia, que já foi objeto de um piloto, baseia-se na cooperação e no diálogo entre governo e empresas, estando a adesão ligada aos volumes movimentados e aos critérios de governação, o que permitirá a elaboração de um plano de trabalho acordado para a empresa.
A Sintonia incentivará as boas práticas e a regularidade dos contribuintes, que serão beneficiados com esse comportamento, inclusive com a redução da CSLL. O texto prevê ainda a institucionalização do Operador Econômico Autorizado (OEA), o que reduziu o tempo de desembaraço aduaneiro.
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