No Mato Grosso do Sul, um terço dos microempreendedores individuais (MEIs) está em situação de vulnerabilidade social, indica o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados divulgados ontem pelo IBGE mostram que, dos 202.427 MEIs cadastrados no Estado em 2022, 68.797 faziam parte do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) do governo federal.
O CadÚnico é condição essencial para o cidadão ter direito a programas como Bolsa Família e tarifa social de energia elétrica, entre outros. Desses 68,7 mil MEIs mato-grossenses cadastrados no CadÚnico, 23.461 eram beneficiários do programa Bolsa Família.
O objetivo do IBGE ao publicar estatísticas sobre o cadastro de microempreendedores individuais foi apresentar um conjunto de indicadores sobre o tema. Os indicadores foram organizados em quatro eixos temáticos: características da empresa, características sociodemográficas, experiência no mercado de trabalho formal e demografia da empresa.
Doutor em Economia, professor da UCDB e colunista do Correio do Estado Michel Constantino explicou que o grande número de pessoas de baixa renda entre os MEIs não surpreende, porque o cadastro de microempreendedor individual é um instrumento para formalizar muitos trabalhadores informais.
“A informalidade continua acompanhando o nível de emprego, sendo uma forma de complementar a renda. Ou seja, o nível de emprego tem vindo a aumentar com o trabalho informal e pouca consistência nos rendimentos”, explicou o doutor em Economia.
Segmentos
O IBGE também verificou os segmentos econômicos em que mais atuam os MEIs: 10,1% deles atuam no setor de tratamentos de beleza, como cabeleireiros ou em outras atividades.
Em segundo lugar, considerando a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), em Mato Grosso do Sul, estão o comércio varejista de roupas e acessórios (7,85%) e restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas (5,79%).
Quanto aos setores macroeconômicos, quase metade dos MEIs do Estado (47,5%) atua em serviços. Em segundo lugar, com 30,7% dos microempreendedores atuantes no MS, vem o segmento de comércio e reparação de veículos e motocicletas.
Outros serviços respondem por 14,7% dos MEIs, e informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas totalizam 10,4%.
Administração pública, defesa, segurança social, saúde, educação e serviços sociais (3,3%), indústria em geral (9,3%) e agricultura, pecuária, produção florestal e pesca (0,8%) completam a lista dos setores com maior presença de micro -empreendedores.
Demografia
O IBGE também verificou como os MEIs de Mato Grosso do Sul se enquadram no aspecto demográfico. A maioria são homens, representando 53,9% do total, e 46,1% são mulheres.
A condição é semelhante à encontrada nas tabelas nacionais, com 53,6% dos MEIs homens e 46,3% dos MEIs mulheres.
Na análise realizada por idade, verifica-se que a maioria dos microempreendedores individuais do Estado está na faixa etária entre 30 e 39 anos. São 29,97% do total.
Jovens com até 29 anos correspondem a 20,35% dos MEIs. As pessoas com idade entre 40 e 49 anos representam 25,26% do total e 25,26% têm 50 anos ou mais.
Brancos
Dos 202.427 MEIs do MS, 148.174 disponibilizaram registro por cor ou raça. Dentro desse grupo, 52.986 declararam-se brancos (32,1%). O segundo maior grupo é formado por 50.667 pardos (21,4%) e 3.754 pretos (3,3%).
No que diz respeito à escolaridade, 62,3% dos MEIs não possuem Ensino Superior. As mulheres têm um nível de escolaridade superior ao dos homens: enquanto 3,2% dos homens têm Ensino Superior, entre as mulheres a percentagem é de 5,3%.
Brasil
Em 2022, havia 14,6 milhões de MEIs no Brasil. Esse número representa um aumento em números absolutos de 1,5 milhão de microempreendedores cadastrados em relação a 2021, quando a pesquisa constatou o número de 13,1 milhões.
Por outro lado, a proporção de MEIs no total de pessoas formalmente ocupadas caiu, passando de 19,1%, em 2021, para 18,8%, em 2022. “Essa queda de 0,3 ponto percentual pode ser explicada, em parte, devido ao aumento do pessoal empregado total no Cadastro Central de Empresas [Cempre]que aconteceu em 2022”, pontuou Thiego Ferreira, gerente de Pesquisa do IBGE.
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