O Senado aprovou nesta terça-feira, 20, o projeto de lei que amplia a isenção da folha de pagamento para 17 setores e municípios de pequeno e médio porte.
A votação foi simbólica, ou seja, sem a contabilização do voto dos parlamentares, fruto do acordo do governo com a oposição.
As negociações em torno da proposta levaram meses e causaram uma série de transtornos ao Palácio do Planalto, até que o texto final foi formulado em acordo entre governo, setores econômicos, prefeitos e parlamentares.
O novo relatório da proposta foi apresentado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) nesta terça-feira, 20, e deu sequência ao acordo firmado com os setores produtivos e prefeitos ao propor uma reoneração gradual para empresas e municípios até 2027.
Nesta terça-feira, para viabilizar a votação do projeto, Wagner decidiu retirar um dispositivo que aumentava a arrecadação do Imposto de Renda sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20% como compensação pela perda de arrecadação em decorrência da isenção.
A implementação da medida exigiria um período de noventa anos e só seria válida a partir do próximo ano. Portanto, foi visto pelo governo como uma “garantia”, mas mesmo assim a oposição criticou o aumento do imposto, o que levou o relator a abrir mão da previsão.
Na reta final das negociações, Wagner também abriu mão do dispositivo que delegava o julgamento do Imposto Territorial Rural (ITR) aos municípios que optarem por essa medida.
A proposta, juntamente com o programa de registro de benefícios fiscais, havia sido incluída na medida provisória do PIS/Cofins, que teve sua parte principal devolvida pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e tem previsão de expiração.
O relator incluiu em seu texto diversos capítulos com medidas compensatórias que substituirão a perda de R$ 25 bilhões aos cofres da União neste ano, entre elas: atualização patrimonial no Imposto de Renda; repatriação de bens mantidos no exterior; renegociação de multas aplicadas por agências reguladoras; pente fino no INSS e programas sociais; utilização de depósitos judiciais esquecidos; utilização de recursos esquecidos; e o programa de registro de benefícios fiscais concedidos pelo governo.
Segundo o relator, as medidas deverão gerar entre R$ 25 bilhões e R$ 26 bilhões para os cofres públicos e resolver especificamente o buraco fiscal nas contas de 2024, já que muitas dessas propostas são limitadas e não terão efeitos nos anos subsequentes.
Sobre o rombo orçamentário causado pela isenção no próximo ano, Jaques reiterou que o assunto deverá ser discutido no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), que deverá ser enviado ao Congresso na sexta-feira, 30.
Isenção
O texto da desoneração da folha de pagamento segue o acordo já firmado com os setores produtivos, que prevê redução gradual de impostos a partir do próximo ano e até 2027.
A isenção em 2024 substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% sobre a folha de pagamento por uma tributação de 1% a 4,5% sobre a receita bruta.
A partir do ano que vem, os empresários passarão por uma cobrança híbrida, que mesclará parte da contribuição sobre a folha de pagamento com o imposto sobre a receita bruta.
– Em 2025, as empresas pagarão 80% da alíquota do imposto sobre a receita bruta e 25% da alíquota do imposto sobre a folha de pagamento.
– Em 2026, as empresas pagarão 60% da alíquota do imposto sobre a receita bruta e 50% da alíquota do imposto sobre a folha de pagamento.
– Em 2027, as empresas pagarão 40% da alíquota do imposto sobre a receita bruta e 75% da alíquota do imposto sobre a folha de pagamento.
– A partir de 2028, as empresas retomarão integralmente o pagamento da alíquota do imposto sobre a folha de pagamento, sem pagamento sobre a receita bruta.
No novo parecer, o relator reduziu o número de trabalhadores que as empresas terão de se comprometer a manter para beneficiarem da alíquota do imposto sobre a receita bruta, em vez do imposto sobre a folha de pagamento.
Em vez de se comprometerem a manter o mesmo número ou aumentar o número de empregados, as empresas serão obrigadas a manter pelo menos 75% de empregados. Isso significa que uma redução de até 25% no quadro de funcionários não significará a perda do direito à isenção para essas empresas.
Na primeira versão do parecer, Jaques havia determinado que o percentual seria de 100%. Posteriormente, reduziu para 90%, mas ainda enfrentou resistência dos senadores.
Esse trecho foi incluído de última hora pelo senador em seu relatório da semana passada e foi contestado por diversos parlamentares. Desde a publicação do parecer, o petista se mostrou disposto a negociá-lo.
No caso dos municípios, o texto também estabelece uma “escada”. Este ano, mantém-se a alíquota de 8% previdenciária aprovada no ano passado pelo Congresso. Em 2025, esse imposto será de 12%. Em 2026, 16%. Em 2027, finalmente voltará aos 20%.
Revisão de gastos
O parecer prevê ainda um endurecimento das regras de adesão e atualização cadastral do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e do seguro de defesa, auxílios pagos aos pescadores artesanais durante o período em que estão proibidos de pescar.
Ambos os programas são alvos do pente fino do governo federal para aliviar o orçamento de 2025 em R$ 25,9 bilhões.
Na nova versão do parecer, divulgada hoje, Jaques também endureceu as regras de revisão de benefícios sociais pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), permitindo um bloqueio cautelar de recursos em caso de fraude.
O texto estabelece que, após identificação de indícios de irregularidades na concessão de benefícios administrados pelo INSS, o valor poderá ser bloqueado por ato do Poder Executivo caso o beneficiário não seja informado no prazo de 30 dias após notificação do órgão
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