O dólar fechou em queda de 0,28% nesta sexta-feira (16), a R$ 5,467, com otimismo nos mercados globais após uma série de dados econômicos fortes dos Estados Unidos.
A Bolsa perdeu 0,15%, aos 133.953 pontos. O Ibovespa passou boa parte do pregão positivo e até superou a máxima histórica de 134.193 pontos, registrada no fechamento do dia 27 de dezembro de 2023, mas perdeu força à tarde com a pressão da curva futura de juros.
Na semana, o dólar acumulou queda de 0,87%, após ter perdido 3,43% na semana anterior. O Ibovespa acumulou alta de 2,5%.
O foco dos mercados nos últimos dias tem sido o estado da economia dos Estados Unidos, depois dos temores de uma recessão terem derrubado as bolsas de valores de todo o mundo na semana passada.
Os pedidos de desemprego, divulgados na quinta-feira, caíram para 227 mil na semana encerrada em 10 de agosto, em comparação com a expectativa de 235 mil de analistas consultados pela Reuters. Na semana anterior, foram 234 mil pedidos, em dados revistos em alta.
Além disso, as vendas no varejo cresceram 1% em julho, bem acima da projeção dos economistas de 0,3%. Os dados de junho, antes estáveis, foram revisados para queda de 0,2%.
Na quarta-feira, o IPC (índice de preços ao consumidor) ainda subiu modestamente em julho, em 0,2%, após ter caído 0,1% em junho. Em 12 meses, foi de 2,9%, ante 3,0% na leitura anterior.
O resultado mensal ficou em linha com as projeções dos analistas consultados pela Reuters; na comparação anual, a expectativa era de 3,0%.
Os dados levaram os investidores de volta aos ativos de risco, pois, além de demonstrarem a resiliência da economia norte-americana, também consolidaram a perspectiva de um corte nas taxas de juros por parte do Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) na próxima reunião, agendada. para setembro.
“A perspectiva é de recuperação dos ativos de maior risco devido a indicadores que serviram de apoio para afastar os temores de uma recessão global no momento”, disse Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações do StoneX Banco de Câmbio.
“E, ao mesmo tempo, o conjunto de dados mostra que o ciclo de cortes nas taxas de juro nos Estados Unidos pode ser iniciado sem a necessidade de um corte mais agressivo”, acrescentou.
Anteriormente, com receios de um forte abrandamento da economia, um corte de 0,50 pontos percentuais na taxa de juro – actualmente na faixa de 5,25% e 5,50% – era a aposta da maioria, com especulações até de uma reunião do Fed com um esforço extraordinário para avançar no ciclo de flexibilização.
Agora, uma redução inicial de 0,25 ponto tornou-se a mais provável, com aval de 76,5% dos investidores, segundo a ferramenta CME FedWatch.
O dólar desvaloriza-se frequentemente à medida que a Fed reduz as taxas de juro. Em teoria, torna-se comparativamente menos atraente em relação a outras moedas quando os rendimentos das obrigações indexadas ao Tesouro, denominadas treasuries, caem.
A Bolsa de Valores brasileira, assim como outros mercados de ações, tem sido favorecida nos últimos dias pelo apetite ao risco dos investidores e pelos balanços corporativos.
Nesta sexta-feira, porém, a busca pelo nono aumento consecutivo foi frustrada pelo cenário doméstico.
O foco aqui continua sendo a percepção de que o BC (Banco Central) deve manter a taxa Selic no patamar atual de 10,50% ao ano ou aumentá-la antes do final de 2024.
Os dados do IBC-Br, apelidados de “prévia do PIB”, ficaram bem acima das expectativas esta manhã, num sinal da força da economia brasileira. O índice avançou 1,4% em junho ante maio e encerrou o segundo trimestre com alta de 1,1% frente aos três meses imediatamente anteriores, segundo dados dessazonalizados. Economistas consultados pela Reuters esperavam alta de 0,50% no mês.
“O Ibovespa foi apoiado nas primeiras horas pelos dados do IBC-Br, que animaram os investidores na Bolsa, pois foi uma demonstração de que a atividade está forte. Ao mesmo tempo, a curva de juros voltou a reagir indicando alguma alta da Selic nas próximas reuniões, para conter a atividade”, avalia André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
O BC destacou em seu comunicado o dinamismo “maior que o esperado” dos indicadores de atividade e do mercado de trabalho no país, destacando que o fato da economia estar operando perto de sua capacidade máxima representa um desafio para a redução da inflação.
O presidente do município, Roberto Campos Neto, reforçou em evento nesta manhã que a alíquota pode subir para trazer a inflação de volta à meta, se necessário.
A possibilidade de um novo aperto da Selic “causou abertura na nossa curva de juros e derrubou o Ibovespa no período da tarde, com investidores realizando lucros em algumas posições”, explica Fernandes.
Quanto ao câmbio, a possibilidade de aumento da taxa Selic e corte por parte do Fed torna o real atrativo devido ao diferencial de juros.
É nesse cenário que ocorre o chamado “carry trade”, ou seja, quando os agentes tomam empréstimos com taxas mais baixas e investem esses recursos em moedas de países com juros mais elevados.
Na quinta, o dólar fechou em alta de 0,25%, a R$ 5,483, e a Bolsa avançou 0,63%, a 134.153 pontos, perto do recorde histórico de 134.193 pontos.
*Informações da Folhapress
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