O estoque de capital da infraestrutura brasileira encolheu ao longo dos últimos 30 anos, deixando o país com a necessidade de dobrar os investimentos para atingir o nível adequado em relação ao que se vê no resto do mundo. As notas fazem parte de estudo que será divulgado na noite desta terça-feira, 13, pelo Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon).
Ao avaliar o valor estimado da infraestrutura nacional e o quanto os ativos representam no Produto Interno Bruto (PIB), a pesquisa mostra que, enquanto o PIB cresceu, os investimentos em infraestrutura permaneceram estagnados. A soma dos activos de infra-estruturas representava 54% do PIB em 1992 e é de 35,5% em 2024.
O autor do estudo, Claudio Frischtak, considera que o baixo investimento anual, atualmente próximo de 2% do PIB, poderá resultar em perdas para o país, tanto em termos de competitividade como de bem-estar da população. O ideal, considera, seria uma média entre 4% e 4,5%. Por isso, ele sugere um plano de aumento gradual das aplicações para que a infraestrutura atinja 60% do capital em relação ao PIB em cerca de 20 anos.
“Esse processo deve ter metas realistas e quantificáveis, que permitam a convergência ao estoque-alvo, ao final de duas décadas. Acreditamos que é viável uma expansão anual dos investimentos em torno de 0,2% do PIB”, considera trecho do relatório. O aumento, destaca ele, pode ocorrer tanto na frente pública como privada, com o sector privado potencialmente a desempenhar um papel de liderança.
Ao comparar a média dos investimentos sectoriais realizados nos últimos anos e os investimentos necessários, o estudo indica que os maiores esforços deverão ser feitos nos transportes e no saneamento básico. O setor de transportes, estima ele, tem uma lacuna de investimento de 195% e o saneamento, de 137,3%.
Pilares
Para que o país amplie os investimentos e se aproxime do estoque de capital apontado como ideal, o estudo do Sinicon destaca itens como a necessidade de avanço na estabilidade regulatória e na continuidade programática. “Propostas e programas construídos com atores não governamentais, empresas, entidades da sociedade civil, moldados por um planejamento de médio e longo prazo”, considera.
Embora o estudo destaque o potencial para a colaboração do sector privado, também chama a atenção para a necessidade de expandir os investimentos públicos. Contudo, consideram que estas dotações devem utilizar critérios diferentes dos observados na história recente do país, dando prioridade a projectos com maior retorno para a sociedade.
Em termos de investimentos recomendados para o sector privado, o trabalho apela ao aumento da participação dos mercados de capitais no financiamento de projectos de infra-estruturas. Além disso, o fortalecimento do BNDES “como estruturador de projetos de infraestrutura com maior resiliência frente às mudanças climáticas, reforçando seu papel pioneiro no setor”.
“O programa de concessões e privatizações certamente durará uma ou mais décadas, dado o excesso de demanda por investimentos no setor. O BNDES seria um instrumento essencial para dar materialidade (às demandas)”, aponta o estudo.
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