O governo Lula autorizou um consórcio de bancos a adiantar parte dos recursos que seriam pagos pela Eletrobras ao longo de quase 30 anos para a conta de luz. A operação foi encerrada na quarta-feira.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a medida permitirá uma redução de 2,5% a 10% nas contas de luz em setembro, dependendo do estado.
O pool formado por Banco do Brasil, Itaú BBA, Bradesco BBI, BTG e Santander contribuirá com R$ 7,8 bilhões para a chamada Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), superfundo que cobre subsídios no setor elétrico e que é pago pelos consumidores na conta de luz.
Esse dinheiro será usado para quitar antecipadamente empréstimos que estavam sendo pagos nas tarifas de energia.
São operações de crédito realizadas pelas distribuidoras de energia elétrica, no auge da pandemia da Covid-19, em 2020, e da seca que baixou os reservatórios das hidrelétricas, entre 2021 e 2022. Esses empréstimos estão embutidos na conta de luz e, portanto, pesam sobre tarifas.
Os R$ 4 bilhões já arrecadados com o pagamento das contas de luz dos consumidores também serão usados para quitar os empréstimos. Assim, o total para quitar dívidas chega a R$ 11,8 bilhões.
Segundo o ministro, o acordo com os bancos prevê a cobrança da Taxa Selic mais 2,2% ao ano. O modelo anterior previa Selic mais aproximadamente 3% ao ano. O ministro disse que a operação foi realizada porque era mais vantajosa para o consumidor.
O novo empréstimo está garantido por recebíveis da Eletrobras. Enquanto isso, o governo continua negociando para que a ex-estatal adiante o restante do valor devido, que chega a R$ 18 bilhões em 30 anos. Essa dívida se deve à privatização da empresa, em 2022, que se comprometeu a contribuir com recursos para as contas de luz.
STF prorroga negociação
Essa negociação com a Eletrobras, por sua vez, faz parte de uma questão maior.
O governo Lula quer mais assentos no Conselho de Administração da empresa e recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para isso. Nesse processo, a empresa negocia a entrega de todo o controle da Eletronuclear, responsável pelas usinas de Angra.
Na quarta-feira, o ministro Nunes Marques, do STF, decidiu prorrogar por mais 45 dias a tentativa de conciliação entre União e Eletrobras no caso.
A operação de crédito ontem foi viabilizada após a edição de uma medida provisória (MP), em abril, que vence neste mês. Essa MP também amplia o prazo para que projetos de geração de energias renováveis, como solar e eólica, que têm direito a incentivos fiscais governamentais, entrem em operação no país. Por isso é criticado por especialistas.
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