Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – O procurador-geral da República, Paulo Gonet, ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra as chamadas “emendas PIX”, informou a PGR nesta quarta-feira.
Para Gonet, o sistema de transferências viola os princípios da transparência, da publicidade e da rastreabilidade dos recursos orçamentários federais, além de ofender o pacto federativo, a separação dos Poderes e as regras de alteração da Constituição Federal.
As “emendas pix”, como ficaram conhecidas, são na verdade alterações parlamentares obrigatórias à Lei Orçamentária Anual (LOA), que, por meio de repasse especial, são repassadas diretamente ao ente federado beneficiado, sem necessidade de indicação de programa. , projeto ou atividade a ser promovida.
“O mecanismo de transferências especiais (“emendas Pix”), portanto, apesar da suposta intenção de agilizar o processo, não se mostra admissível, pois envolve perda de transparência e rastreabilidade dos recursos alocados. controlar a aplicação de recursos federais, prejudicando o planejamento orçamentário da União”, argumenta o procurador-geral na ação apresentada ao Supremo.
“Ressalte-se que a decisão sobre a distribuição dos recursos é imposta pelo parlamentar autor da emenda, que não é obrigado a definir com mínima precisão a finalidade e a destinação do recurso e também escapa aos mecanismos de controle democrático sobre as vicissitudes desses recursos é clara a distorção do sistema republicano de monitoramento dos gastos públicos”.
A ação cita pesquisas da Associação Contas Abertas, Transparência Brasil e Transparência Internacional apontando aumento “significativo” nas dotações nesse tipo de transferência especial. Segundo essas entidades, o volume de recursos em 2022 teria sido de 3,32 bilhões de reais. Em 2023, o valor teria atingido a marca de 6,75 bilhões de reais.
Gonet lembra ainda, na ADI, que o STF já havia declarado a inconstitucionalidade do chamado “orçamento secreto”, destinação de recursos por meio de emendas do relator geral da LOA identificado como “RP-9”, avaliando que o instrumento não cumpriu a regra de transparência.
“As chamadas ‘emendas PIX’, desprovidas de instrumentos de fiscalização constitucional, correm o risco de se tornar um instrumento que distorce as práticas republicanas de relacionamento entre agentes públicos, proporcionando o benefício de interesses distintos daqueles que a atividade política deveria perseguir”, afirma o procurador-geral na peça.
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