Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI fecharam terça-feira em alta firme, ultrapassando 30 pontos-base em alguns vencimentos, com a percepção de que a ata do Copom adotou um tom mais duro ao tratar do combate à inflação e do aumento dos rendimentos do Tesouro, no um dia de alívio para os mercados globais depois do stress do dia anterior.
Com o movimento, a curva de juros brasileira voltou a precificar grandes chances de que a taxa básica Selic, atualmente em 10,50% ao ano, possa subir em setembro.
No final da tarde desta segunda-feira, a taxa DI (Depósito Interbancário) para janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,7%, ante 10,585% do reajuste anterior. A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,535%, ante 11,227% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,675%, ante 11,439%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 11,84%, ante 11,795%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 11,84%, ante 11,808%.
A curva brasileira foi influenciada nesta terça por dois fatores principais: a ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), divulgada pela manhã, e a queda nos rendimentos do Tesouro.
Na ata, o BC indicou que não hesitará em elevar a Selic para garantir a convergência da inflação à meta, caso julgue conveniente.
“O Comitê avaliará a melhor estratégia: por um lado, se a estratégia de manutenção da taxa de juros por tempo suficientemente longo levará a inflação à meta no horizonte relevante; por outro lado, o Comitê, por unanimidade, reforçou que não hesitará em aumentar a taxa de juro para garantir a convergência da inflação para a meta se considerar apropriado”, registou o documento.
A mensagem foi considerada por parte do mercado como hawkish (dura) com a inflação, com os níveis mais elevados do valor real servindo como justificativa para o recente aumento da alta da Selic.
“A ata, nas entrelinhas, sugere um aperto, uma leitura um pouco mais agressiva. Não é nada tão explícito, mas me pareceu mais conservador. Aí bateu na curva”, comentou Alexandre Espírito Santo, economista da Way Investimentos e chefe de economia e finanças da ESPM.
Com isso, a taxa DI para janeiro de 2025 – curtíssimo prazo – subiu 11 pontos-base no início da sessão, precificando maiores chances de o Copom elevar a Selic ainda em 2024.
A curva brasileira também foi influenciada no exterior, onde os rendimentos do Tesouro subiram após atingirem na véspera os níveis mais baixos em mais de um ano. Por trás do movimento de terça-feira estava a percepção de que havia um certo exagero na leitura de que os Estados Unidos estão entrando rapidamente em recessão.
Assim, enquanto a taxa DI subiu 11 pontos base durante a tarde, a taxa DI para janeiro de 2033 – uma das mais líquidas no longo prazo – aumentou 6 pontos base.
“O DI curto está abrindo, com perspectiva de que a Selic possa subir, e as pontas longas seguem para fora”, pontuou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.
Perto do fechamento, a curva brasileira precificou apenas 24% de probabilidade de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano em setembro, na próxima reunião do Copom. A probabilidade de um aumento de 25 pontos base foi novamente maioritária, em 76%. Na segunda-feira os percentuais eram de 57% e 43%, respectivamente.
Apesar da precificação, profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que o Copom tende a manter a Selic estável até o final do ano, a menos que o cenário se deteriore ainda mais.
Um dos argumentos é que a Reserva Federal deverá iniciar o seu processo de redução das taxas de juro em Setembro, podendo reduzir as taxas de juro em 50 pontos base desde o início. Isso traria algum alívio para a taxa de câmbio no Brasil e, paralelamente, para as expectativas de inflação.
“O texto da ata sugere um risco relevante de o Comitê decidir pelo aumento dos juros na próxima reunião. Dado o cenário internacional volátil, mantemos a projeção da Selic estável em 10,5% até o final de 2024, mas reconhecemos que aumentou a chance de a taxa de juros terminar o ano mais alta”, avaliou a equipe econômica do C6 Bank, liderada pelo economista-chefe Felipe Salles, em nota enviada aos clientes.
Às 16h38, o rendimento do Tesouro de dez anos – uma referência global para decisões de investimento – subia 11 pontos base, para 3,89%.
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