O dólar fechou em alta de 0,53% nesta segunda-feira (5), a R$ 5,739, com investidores temendo uma recessão na economia dos Estados Unidos.
A moeda chegou a atingir R$ 5,865 na máxima do dia, mas a alta desacelerou após novos dados econômicos dos EUA reduzirem a percepção de risco dos investidores. A cotação de fechamento desta segunda é a maior desde 21 de dezembro de 2021, quando também estava em R$ 5,739.
A Bolsa de Valores brasileira fechou em queda de 0,46%, aos 125.269 pontos. No pior momento da sessão, o Ibovespa registrou perdas de 2,2%, mas se recuperou ao longo do dia, apoiado também nos fortes ganhos do Bradesco.
Os mercados globais foram pressionados pelos receios de contracção na maior economia do mundo.
A Bolsa de Valores japonesa despencou mais de 12%, o pior resultado para um dia em 37 anos. A certa altura, a queda nas ações desencadeou um mecanismo de “disjuntor” que interrompe as negociações para permitir que os mercados digeram grandes flutuações.
“A resposta do mercado é um reflexo da deterioração das perspectivas económicas dos EUA”, disse Jesper Koll, director da empresa de serviços financeiros Monex Group. “Foi um espirro de Nova York que causou a pneumonia japonesa.”
O colapso da Bolsa Japonesa estendeu-se a outros mercados, como Coreia do Sul (-8,8%), Taiwan (-8,35%), Singapura (-4,07%) e Índia (-2,6%). Na Europa, o índice STOXX 600 atingiu o nível mais baixo em mais de seis meses no mínimo do dia e fechou em queda de 2,17%.
Nos EUA, o Dow Jones perdeu 2,60%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq derreteram mais de 3% cada.
Os efeitos dos temores de contração diminuíram no Brasil no meio da tarde, quando a divulgação de uma medida da atividade no setor de serviços dos EUA aliviou parte do pânico nos mercados.
O PMI (índice de gestores de compras) mostrou que o setor se recuperou mais que o esperado para o mês de julho, em 51,4. A expectativa era de que o índice subisse para 51, após ter atingido 48,8 em junho, o nível mais baixo desde maio de 2020. Uma leitura acima de 50 indica crescimento da atividade.
“Houve uma grande liquidação de ações, com a bolsa japonesa despencando e as norte-americanas também. Mas ao longo do dia melhorou”, comentou o gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, Cleber Alessie Machado.
“O PMI norte-americano contribuiu para isso, diluindo o receio de que haja uma aterragem forçada da economia.”
A percepção de que a maior economia do mundo estava a abrandar começou a ganhar força após a divulgação dos dados do mercado de trabalho na sexta-feira.
A “folha de pagamentos” mostrou que os EUA criaram 114 mil empregos no mês passado, face às expectativas de 175 mil, e a taxa de desemprego subiu para 4,3%, quando os agentes financeiros esperavam que se mantivesse em 4,3%. 1%.
Os novos dados desencadearam a chamada Regra Sahm, que liga o início de uma recessão ao momento em que a média móvel de três meses da taxa de desemprego sobe pelo menos 0,5 pontos percentuais acima do mínimo de 12 meses. Em agosto do ano passado, o índice estava em 3,8%, o que coloca a taxa atual exatamente no gatilho.
A folha salarial vem na esteira da manutenção dos juros em 5,25% e 5,50% pelo Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) na última quarta-feira (31). A decisão já era amplamente esperada, mas o comunicado que se seguiu deu impulso à tese de que a autarquia poderia iniciar o ciclo de flexibilização monetária na próxima reunião, em setembro.
Com os novos números, a tese virou aposta unânime entre os agentes financeiros. E, se antes a dúvida era sobre a possibilidade de corte, agora a discussão é sobre a magnitude.
Alguns dos grandes bancos de Wall Street, como o JPMorgan e o Citigroup, reviram as suas previsões para o ano, prevendo agora um corte de 0,50 pontos percentuais na taxa de juro na próxima reunião.
É o que aparece também na ferramenta CME FedWatch, que recolhe estimativas dos investidores sobre a política monetária norte-americana: 85,5% deles estimam que as taxas de juro caiam 0,5 pp, enquanto os restantes 14,5% esperam 0,25.
No seu nível atual desde julho de 2023, a taxa de referência é a mais elevada em mais de duas décadas. Para alguns investidores, a percepção é que a Fed pode ter esperado demasiado tempo para iniciar o ciclo de flexibilização.
“O Fed pode ter dormido nesse assunto. Especialmente diante do presidente Jerome Powell, a autoridade foi mais ‘pacifista’ no início do ano, quando os dados de inflação chegavam estranhamente altos. Nas últimas semanas, quando os dados começaram para vir de forma mais moderada, o Fed tentou corrigir o rumo agindo um pouco mais ‘hawkish’ do que o necessário”, diz César Garritano, economista-chefe da SOMMA Investimentos.
O termo “dovish” refere-se a uma postura mais branda dos bancos centrais em relação às taxas de juro, normalmente indicando uma maior vontade de cortar. “Hawkish” é o contrário: demonstra um tom mais agressivo, com sinais de manutenção em níveis elevados e contrações ainda maiores.
Na análise de Garritano, o Fed foi “agressivo quando deveria ser brando, e brando quando deveria ser agressivo”.
Após a decisão da última quarta-feira, e à luz da pressão do mercado para iniciar a flexibilização monetária, surgiram apostas de que a Fed poderia mesmo realizar uma reunião de emergência para reduzir as taxas de juro antes de Setembro.
O mercado de swaps – que tem como principal objetivo antecipar movimentos para proteger os investidores de variações de preços de moedas e outros ativos – precifica agora uma chance de cerca de 60% de um corte emergencial de 0,25 ponto percentual dentro de uma semana.
No cenário corporativo, a alta do Bradesco interrompeu maiores perdas no Ibovespa. As ações preferenciais e ordinárias subiram 7,59% e 8,30% após o banco anunciar que teve lucro de R$ 4,7 bilhões no último trimestre – 4,4% superior ao reportado no mesmo período do ano anterior e 12% superior aos três primeiros meses de 2024.
O Pão de Açúcar subiu 14,98%, antecipando o balanço corporativo que será divulgado na terça-feira.
Do lado negativo, a Vale caiu 4,02%. As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 0,83% e 0,08%.
Os temores de uma recessão nos EUA também afetaram os mercados nesta sexta-feira (2). Em sessão marcada por alta volatilidade, o dólar fechou em queda de 0,44%, a R$ 5,709, um dia após atingir R$ 5,734, maior cotação desde 21 de dezembro de 2021.
A moeda norte-americana oscilou entre os sinais e atingiu a máxima de R$ 5,793, até cair no final da tarde.
A Bolsa caiu 1,21%, aos 125.854 pontos. O Ibovespa acompanhou os índices de Wall Street e foi pressionado pela forte queda das ações da Petrobras, afetada pela queda dos preços do petróleo no exterior.
*Informações da Folhapress
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