O nível da atividade da construção civil está acima do esperado e tem motivado perspectivas mais otimistas de diversos setores da cadeia produtiva. Esse movimento abrange desde instituições que atuam no financiamento até a indústria de materiais de construção.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) aumentou esta semana a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da Construção em 2024, passando de 2,3% para 3,0%. Esta foi a segunda avaliação realizada pela CBIC, que iniciou o ano prevendo uma expansão de 1,3% para o PIB do setor em 2024.
“Nossa perspectiva é bastante positiva”, disse a economista da instituição, Ieda Vasconcelos. Segundo ela, a revisão foi motivada pelo crescimento da economia acima do esperado, pelo aumento da geração de empregos e pelo aumento da renda. Esses fatores favorecem a realização de obras e reformas, bem como a compra de imóveis.
A CBIC destacou ainda que as expectativas dos empresários são mais positivas para os lançamentos imobiliários, principalmente após ajustes no programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Outro ponto é que a concessão de financiamento imobiliário tem sido forte. “Apesar do patamar ainda elevado, as taxas de juros caíram e ajudaram o setor”, disse Vasconcelos.
A mesma tendência, de ritmo acima do esperado, pode ser observada nos dados semestrais divulgados nesta quarta-feira, 31, pelo Sindicato da Habitação (Secovi-SP). De janeiro a junho, as vendas aumentaram 36% e os lançamentos, 47%. A previsão inicial para o ano era de crescimento de até 10%.
Na semana passada, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) elevou sua projeção para o volume de financiamento em 2024 para 7,6%, atingindo R$ 164 bilhões. A previsão inicial era de estabilidade. Caso a nova previsão se confirme, 2024 será o terceiro melhor ano da história em termos de volume de financiamento.
O presidente da Abecip, Sandro Gamba, afirmou que a liberação de empréstimos cresceu no primeiro semestre e revelou um cenário mais positivo do que se imaginava. No primeiro semestre, o volume financiado foi de R$ 82,1 bilhões, um aumento de 7% em relação ao mesmo semestre de 2023. “As vendas de imóveis estão crescendo e há muitas obras para serem entregues este ano, o que vai se traduzir em demanda por crédito”, disse Gamba, na época.
No mês passado, a projeção de vendas da indústria de materiais de construção foi elevada de 2% para 3%, segundo análise feita pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em conjunto com a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).
“Vejo um cenário positivo e relativamente otimista no curto prazo”, afirmou a coordenadora de projetos de construção da FGV, Ana Maria Castelo. Segundo ela, isso se deve ao aumento da demanda por materiais tanto das construtoras quanto das famílias.
O crescimento das obras do Minha Casa Minha Vida desde o ano passado teve um efeito positivo na indústria de materiais, pois houve um salto no volume de novos projetos iniciados pelas construtoras. Além disso, o consumo das famílias parece finalmente reagir, destacou Castelo, como reflexo da queda do desemprego e do aumento da renda da população.
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