Os investidores aguardam reuniões do banco central que definirão a política monetária; O Ibovespa também foi pressionado pela queda das commodities no exterior.
O dólar fechou em queda de 0,13% nesta terça-feira (30), cotado a R$ 5,617, enquanto os investidores aguardavam decisões sobre taxas de juros no Brasil, nos Estados Unidos e no Japão.
A moeda se afastou da máxima da sessão de R$ 5,662 no final da tarde e passou a hesitar entre os sinais diante da formação da Ptax de final de mês – taxa referencial do BC (Banco Central) para liquidação de contratos futuros.
A Bolsa perdeu 0,64%, aos 126.139 pontos. O Ibovespa foi pressionado por títulos vinculados a commodities, especialmente Vale e Petrobras, as duas empresas com maior peso no índice.
Foi um dia de cautela nos mercados. Começou nesta terça-feira a primeira parte das reuniões de política monetária do BC e do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos), cujas decisões sobre taxas de juros serão conhecidas amanhã, data apelidada de “super quarta-feira” no jargão econômico .
Analistas consultados pela reportagem esperam que ambas as taxas sejam mantidas, com foco nos sinais que virão nas comunicações das autoridades locais.
No Brasil, pesam a deterioração do cenário econômico e a desancoragem das expectativas de inflação. O Boletim Focus desta semana apontou que especialistas consultados pelo BC preveem que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechará 2024 em 4,10%, ante alta de 4,05% na semana anterior.
Em 2025, a projeção é que o índice alcance alta de 3,96%, ante 3,90%.
As previsões vêm na esteira dos últimos dados de inflação medidos pelo IPCA-15, que, para o período de coleta, funciona como uma espécie de prévia do indicador oficial. Apesar de terem desacelerado em relação ao mês anterior, os preços subiram mais que o esperado, em 0,30%, com a taxa acumulada em 12 meses atingindo 4,45%.
O BC trabalha com meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 pp para cima e para baixo. Com a base anual próxima do teto de 4,50%, especialistas esperam que o município endureça o tom da afirmação que explicará a decisão sobre o patamar da taxa Selic, principal instrumento de controle de preços.
O Copom (Comitê de Política Monetária) havia iniciado o ciclo de flexibilização monetária, mas optou por manter a taxa de juros em 10,50% ao ano na última reunião, em junho. O Focus, que também coleta estimativas sobre a Selic, passou a prever não só a manutenção da taxa, mas também possíveis altas até o fim do ano.
“Teremos muita turbulência pela frente e o câmbio estará mais alto do que antes, o que, somado ao descaminho fiscal, pressiona a inflação. Por conta disso, o risco é que o Banco Central tenha que subir a taxa Selic este ano a possibilidade A tendência de alta é maior que a de queda”, afirma Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.
Nos Estados Unidos, o tom é diferente. A expectativa é que a taxa básica de juros seja mantida na faixa de 5,25% a 5,50% pela última vez, com apostas quase unânimes de que o Fed iniciará o ciclo de corte na próxima reunião, marcada para setembro.
Ali, a convergência da inflação para a meta de 2% e as perspectivas de um “pouso suave” da economia – ou seja, quando os preços forem domesticados sem grandes prejuízos ao mercado de trabalho ou ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) – levaram ao espero que a autoridade monetária dos EUA possa até reduzir as taxas de juro mais duas vezes até ao final do ano.
Uma taxa elevada nos Estados Unidos, considerada a economia mais segura do mundo, desencoraja investimentos em ativos de risco, ao puxar os investidores para a renda fixa norte-americana (os chamados Treasuries, títulos vinculados ao Tesouro dos EUA).
Isto significa que quanto mais o banco central norte-americano reduzir as taxas de juros, melhor para o real e outras moedas emergentes.
Esta terça-feira, os dados de emprego nos EUA ajudaram a pintar o quadro macroeconómico. O país teve 8,18 milhões de vagas de emprego em junho, número inferior ao registrado em maio, mas ainda acima da expectativa do mercado de 8 milhões.
Paralelamente, a confiança dos consumidores nos EUA aumentou inesperadamente, no meio de preocupações persistentes sobre a inflação e custos de financiamento mais elevados.
Para André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, a frustração das expectativas em relação ao ritmo de crescimento da economia dos Estados Unidos contribuiu para a valorização do dólar nos últimos dias.
“Há um consenso de que a decisão de amanhã deve manter os juros inalterados. Mas a declaração deve ter um tom muito cauteloso e, no limite, colocar em dúvida até mesmo um corte em setembro, afirmando que dados que corroboram a hipótese de uma desaceleração robusta ainda são necessários”, diz ele.
Essa foi a tese que deu força ao dólar ao longo do dia. No final da tarde, porém, a moeda perdeu fôlego e começou a oscilar, até fechar a sessão em campo negativo.
Galhardo afirma que a reversão dos sinais se baseia nas perspectivas de desaceleração da economia chinesa, principalmente com a desvalorização das commodities, e na antecipação de parte da disputa pela formação da Ptax no final do mês.
Taxa de câmbio calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado spot, a Ptax serve de referência para liquidação de contratos futuros.
Nesse cenário, o dólar à vista oscilou entre a cotação mínima de R$ 5,611 (-0,25%) às 9h01 e a máxima de R$ 5,664 (+0,69%) às 10h05 – horário próximo a um dos janelas de coleta de preços pelo BC para formação da Ptax no dia.
A taxa do BC e a perspectiva de desaceleração da China “se sobrepuseram aos indicadores dos EUA pela manhã, trazendo um movimento mais benigno a favor do real, mas esse movimento não apaga a reação do mercado à força da economia norte-americana”, diz Galhardo.
Há ainda outro possível espinho na moeda brasileira. O Banco do Japão também decide sobre as taxas de juros nesta quarta-feira, com expectativa de novo aumento.
As autoridades japonesas elevaram a faixa para 0% e 0,1% na última reunião, o primeiro aumento desde fevereiro de 2007. O aperto monetário encerrou o longo período de taxas de juros negativas no país asiático, que, até março deste ano, trabalhava com faixa entre 0% e -0,1%.
As especulações sobre um aperto monetário no país aumentaram o valor do iene na semana passada, pressionando as moedas dos mercados emergentes.
O iene valorizado em relação ao dólar e a possibilidade de diminuição do diferencial de juros entre o Japão e os Estados Unidos levam os investidores a reverter operações de “carry trade”, ou seja, quando pegam ativos em locais com juros baixos para obter lucro em outros com taxas de juros mais altas. . Isto provoca uma fuga de capitais dos mercados emergentes, como o real, para sustentar esta reversão no mercado japonês.
O cenário, na visão de Galhardo, torna improvável que o real entre em um “ciclo de valorização mais sólido, mais longo e prolongado”.
No cenário doméstico, os investidores refletiram sobre os dados do IGP-M, conhecido como “inflação dos aluguéis”, que vieram acima do esperado. O índice subiu 0,61% em julho após ter avançado 0,81% no mês anterior. Uma pesquisa da Reuters com analistas indicou expectativa de alta de 0,46%.
Ainda no radar, o governo federal deve detalhar a contenção de R$ 15 bilhões do Orçamento deste ano.
Do lado corporativo, o Ibovespa foi pressionado pela queda dos títulos atrelados a commodities, com destaque para Vale e Petrobras, as duas maiores empresas do índice.
Os futuros do minério de ferro caíram 3,6% nesta terça-feira, para menos de US$ 100 a tonelada, somando uma queda de quase 30% no ano. O petróleo Brent, referência para o mercado internacional, perdeu 1,44%, ampliando as perdas da véspera em meio à intensificação dos conflitos no Oriente Médio.
Com isso, a Vale perdeu 2,21% e as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras caíram 0,62% e 0,73%, respectivamente. Os investidores da petrolífera ainda digeriam o relatório de produção do segundo trimestre, que trouxe uma queda de 3,6% face aos primeiros três meses do ano.
A Embraer teve ganhos de 4,26%, com a reação do mercado à notícia do lançamento de um novo centro de manutenção da empresa para motores Pratt & Whitney em Portugal.
Marfrig e JBS subiram 2,95% e 2,92%, em pregão positivo para os demais frigoríficos, Minerva (+1,77%). A BRF, que passou parte do dia entre as maiores altas, fechou o dia inalterada.
Na segunda-feira (29), o dólar caiu 0,56%, cotado a R$ 5,625, e a bolsa caiu 0,42%, aos 126.953 pontos.
*Informações da Folhapress
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