Além das queimadas, que já destruíram quase 700 mil hectares de vegetação no Pantanal mato-grossense este ano, a liberação da licença para dragagem de três pontos no rio Paraguai deverá ser um dos temas centrais da agenda do presidente Lula. visita a Corumbá nesta quarta a sexta (31).
A dragagem, entre Corumbá e Porto Murtinho, no chamado trecho sul da hidrovia, já tem R$ 95 milhões previstos no PAC, anunciado em agosto do ano passado. Porém, falta a concessão da licença para o início das obras, o que depende do presidente nacional do Ibama, Rodrigo Antônio de Agostinho Mendonça.
Na semana passada, a Agência de Desenvolvimento Sustentável de Hidrovias e Corredores de Exportação (Adecon) enviou ofício ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) pedindo prioridade para permitir a retirada de areia do fundo do rio Paraguai em pelo menos três Localizações.
Segundo a carta, já houve pedido de dragagem emergencial de etapas críticas desde o dia 7 de julho, mas ainda falta decisão. Segundo a superintendente local do Ibama, Joanice Lube Battilani, a decisão depende de Brasília e “amanhã esse assunto certamente será levado ao presidente”. Ela ainda acompanhará a visita de Lula a Corumbá.
Segundo o presidente da Adecon, Adalberto Tokarski, há “grande risco de paralisação da navegação no trecho sul”. Atualmente, o transporte de minérios está paralisado devido ao baixo nível do rio Paraguai, que na régua Ladário amanheceu com apenas 52 centímetros.
Quando o nível cai abaixo de um metro, o transporte de minério precisa ser suspenso e está abaixo desse nível há exatamente um mês. Por outro lado, este é exatamente o período ideal para trabalhos de dragagem.
Longa espera
No início de outubro do ano passado, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, estimou em três ou quatro meses o tempo necessário para a concessão da licença.
Porém, quase dez meses depois, o documento ainda não foi publicado e o transporte de minério nos primeiros cinco meses do ano caiu 50% em relação ao ano passado. De janeiro a maio foram 1,78 milhão de toneladas, ante 3,55 milhões no mesmo período do ano passado.
Por isso, “acredito que o setor mineiro de Corumbá conversará com o presidente Lula sobre a necessidade de manter a dragagem no rio Paraguai para escoar o minério”, disse nesta terça-feira o superintendente local do Ibama.
“É essencial para a navegabilidade do rio. O impacto ambiental é muito baixo. Pelo contrário, você está retirando a areia que está dentro do rio, o que prejudica a navegação”, explica o secretário Jaime Verruck.
O secretário afirma que estes três pontos de assoreamento estão identificados há mais de dez anos e mesmo quando o rio está com um nível de água razoável provocam perturbações no transporte, o que normalmente pode ser feito quando o nível do rio está acima de 1,5 metro na régua do Ladário. .
“Nesses três pontos, quando chega a barcaça que transporta minério ou qualquer outro produto, ela tem que ser desmontada. Você tem um traficante com um monte de barcaças. Nesses locais ele tem que levá-los um por um, amarrá-los na margem do rio e voltar para pegar os outros, porque não consegue fazer o trem inteiro passar por esses pontos”, explica Verruck,
Após a dragagem, acredita ele, o rio ficará navegável mesmo no período de seca, já que o governo paraguaio também está dragando três pontos críticos entre Porto Murtinho e a confluência do rio Paraguai com o rio Paraná. Essas obras deverão se estender por 36 meses.
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