A dificuldade em encontrar mão de obra com ou sem qualificação específica foi um dos principais problemas destacados pelos empresários da Construção no segundo trimestre do ano. A Pesquisa da Indústria da Construção, divulgada nesta segunda-feira (29) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que a falta ou o alto custo de mão de obra não qualificada foi apontada por 24,7% dos industriais, ocupando o segundo lugar no ranking dos principais obstáculos enfrentados pelos o setor. Na comparação com o primeiro trimestre, o problema cresceu 9,9 pontos percentuais.
“As indústrias da construção demonstram que não conseguem atrair e reter trabalhadores mais jovens, pois estão preferindo outras carreiras”, explica a economista da CNI, Paula Verlangeiro.
A elevada carga tributária permaneceu em primeiro lugar no ranking, sendo destacada por 28,3% dos empresários do ramo da construção. Em terceiro lugar, as taxas elevadas foram citadas por 24,0% dos entrevistados como o maior obstáculo, seguidas pelo excesso de burocracia, com 20,1%. Essas questões, destaca a CNI, podem ter contribuído para maiores dificuldades na obtenção de crédito e para que as condições financeiras continuassem a indicar insatisfação.
Atividade
O índice que mede o nível de atividade apresentou estabilidade no segundo trimestre do ano. O normal no período é uma queda na atividade. O indicador passou de 47,9 pontos para 49,9 pontos de maio para junho. “O indicador muito próximo da linha divisória de 50 pontos pode ser interpretado como estabilidade no nível de atividade em relação ao mês anterior”, explica a CNI.
Em relação ao índice de número de empregados, a pesquisa mostrou que ele foi de 48,8 pontos em junho, resultado próximo ao de maio (49,0 pontos). “À medida que o índice continuou a cair abaixo da linha divisória de 50 pontos, o emprego continua a cair em comparação com o mês anterior.”
A Pesquisa mostra ainda que a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) foi de 68% em junho, queda de 1 ponto percentual em relação a maio. Apesar da queda, destaca a CNI, o UCO continua superior ao verificado em junho de 2023 e 2022, quando o índice ficou em 67%.
Condições financeiras
No segundo trimestre do ano, a percepção de aumento dos preços dos insumos e matérias-primas foi mais intensa e generalizada entre os empresários da Construção, segundo a Sondagem. O índice de evolução dos preços médios dos insumos subiu 3,2 pontos em relação ao trimestre anterior. Com isso, o indicador situou-se em 61,8 pontos, superior ao registado no segundo trimestre de 2023 (58,4 pontos), mas inferior ao registado no segundo trimestre de 2022 (73,0 pontos), quando a guerra entre a Rússia e a Ucrânia teve um impacto significativo nos preços.
Segundo a pesquisa, a insatisfação com a margem de lucro operacional e com a situação financeira caiu no segundo trimestre. O índice referente à satisfação com a margem de lucro operacional foi de 45,6 pontos, enquanto o referente à satisfação com a situação financeira atingiu 48,7 pontos.
A percepção de dificuldade de acesso ao crédito cresceu no trimestre. O índice de acesso ao crédito foi de 39,1 pontos, queda de 0,6 pontos em relação ao trimestre anterior. De acordo com a metodologia da pesquisa, quanto mais longe da linha divisória dos 50 pontos, mais intensa e generalizada é a dificuldade de acesso ao crédito.
Confiar
Em julho, o Índice de Confiança dos Empresariais da Indústria da Construção (ICEI) caiu 1,1 ponto, para 51,8 pontos. “Ao aproximar-se da linha divisória de 50 pontos, que separa a confiança da falta de confiança, o indicador revela que os empresários continuam confiantes, mas a confiança é menos intensa e generalizada.” Segundo a CNI, a queda do ICEI da Construção está relacionada principalmente à piora na avaliação das condições atuais. O índice que mede essa percepção dos empresários em relação às condições atuais da economia brasileira e da empresa caiu 2,3 pontos em julho, chegando a 45,5 pontos.
A pesquisa mostra ainda que o Índice de Expectativa, que mede as perspectivas dos empresários em relação à própria empresa e à economia brasileira, caiu 0,5 ponto de junho para julho. Mas, apesar da queda, o índice continua acima da linha divisória dos 50 pontos, o que indica que as perspetivas são favoráveis, embora “um pouco menos otimistas e generalizadas”.
Em julho, os empresários da Construção continuam com expectativas favoráveis para todos os indicadores analisados. O índice de expectativa em relação ao nível de atividade aumentou 0,9 ponto, para 54,6 pontos. O índice de expectativa para novos empreendimentos e serviços cresceu 0,7 ponto, atingindo 52,4 pontos. O índice de expectativas para compras de insumos e matérias-primas teve o maior aumento no período, de 1,4 ponto, atingindo 53,0 pontos. O índice de expectativa para o número de empregados manteve-se praticamente estável, apresentando ligeiro aumento de 0,3 ponto, atingindo 51,9 pontos.
A pesquisa mostra ainda que o índice de intenção de investimento para a Indústria da Construção se manteve inalterado, em 46,6 pontos.
A Pesquisa entrevistou 338 empresas, 125 pequenas, 139 médias e 74 grandes, entre os dias 1º e 9 de julho.
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