Lula critica Campos Neto sobre valorização do salário mínimo: “Essa pessoa não tem respeito?”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta sexta-feira.

Lula relembrou o discurso do presidente do município sobre a política de aumento do salário mínimo e o aumento da inflação e questionou o “respeito” à população. Lula indicou que teve dificuldade em acreditar na afirmação.

— Esses dias o presidente do Banco Central fez uma declaração à imprensa que eu não quis acreditar. O jovem cidadão, bem-sucedido na vida, diz o seguinte: “Essa coisa de aumentar o salário mínimo e aumentar o salário pode gerar inflação”. Significa isto que para evitar a inflação as pessoas precisam ganhar pouco? É necessário? —perguntou Lula.

Lula se referia a uma entrevista de Campos Neto à CNN Brasil, em abril deste ano, que começou a circular nas redes sociais nos últimos dias. Na ocasião, o presidente do BC destacou sua preocupação com um possível impacto da pressão inflacionária adiante com a sinalização do pleno emprego.

O comentário do presidente do BC foi feito na ocasião, após o IBGE anunciar que a taxa de desemprego no primeiro trimestre havia sido de 7,9%, a menor para o período desde 2014.

— Essa pessoa não tem respeito? As pessoas pensam que se alguém ganha um salário mínimo, quer ganhar um salário mínimo? Você acha que o Brasil é pobre porque quer ser pobre? Dê uma oportunidade ao pobre e ele vai fazer como esse pernambucano aqui fez, virar presidente da República — disse o presidente.

Lula fez as declarações durante evento de divulgação de novas obras do PAC, no Palácio do Planalto.

No evento, Lula afirmou ainda que proporá ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que durante o processo de renegociação das dívidas estaduais, o governo federal permita a criação de um “pé-de-meia estadual” como forma de pagamento da dívida. O objetivo do governo é aumentar o número de alunos atendidos pelo programa.

Lula critica Campos Neto repetidas vezes, mas a intensidade dos ataques diminuiu nas últimas semanas. AS atuais críticas ocorrem a menos de uma semana da reunião do Copom, que na próxima semana decidirá sobre a Selic, taxa básica de juros da economia, atualmente em 10,5%.