Não são os gastos com benefícios sociais, como Bolsa Família e BPC (Benefício Previdenciário para Idosos de Baixa Renda), que causam desequilíbrios no orçamento público, disse nesta terça-feira a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, em meio das dificuldades enfrentadas pelo governo no equilíbrio das contas públicas.
– O problema dos gastos no Brasil é não ter os pobres no Orçamento. Esses são os privilégios dos ricos, que precisam ser verificados ponto a ponto, nos gastos tributários, que quando efetivamente cedidos em forma de receita vêm da mesma forma nas políticas que atendem ao interesse coletivo – disse Simone, no Rio, depois de participar de reuniões ministeriais do G20 (grupo das 19 principais economias globais, mais a União Europeia e a União Africana).
Segundo o ministro, nos últimos governos, as “despesas tributárias”, ou seja, as reduções tributárias oferecidas a determinados setores da economia, “têm crescido infinitamente mais” do que as despesas com benefícios sociais.
Há mais de dez anos, esse item do Orçamento equivalia a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) e, atualmente, ficaria entre 5,6% e 5,8%, cerca de R$ 615 bilhões por ano, estimou o ministro. Ao mesmo tempo, o programa Bolsa Família custa R$ 160 bilhões por ano.
– São necessárias renúncias orçamentárias para o setor produtivo para que ele gere empregos. A questão é quanto desses gastos tributários e incentivos fiscais, hoje, ainda são eficazes em termos de justiça social – disse Simone.
O ministro copresidiu a Reunião Ministerial de Desenvolvimento do G20, ao lado dos ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho.
O encontro aconteceu segunda e terça-feira, no Galpão da Cidadania, na Gamboa, zona portuária do Rio, onde, na quarta-feira, acontecerá o lançamento da Aliança Global Contra a Fome, com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Congelamento de R$ 15 bilhões
Sobre o congelamento de R$ 15 bilhões do Orçamento deste ano, Simone disse que os atos recentes seguem o rito de bimestralmente. Segundo o ministro, o detalhamento dos possíveis cortes, ministério por ministério, é feito sempre no dia 30 seguinte à publicação do decreto que define o congelamento.
Ao anunciar o decreto de congelamento nesta segunda-feira, o Ministério do Planejamento e Orçamento informou que espera economizar R$ 9 bilhões em despesas previdenciárias apenas com a reavaliação dos benefícios, para verificar se são concedidos corretamente.
Segundo Simone, o alcance da meta de fechar o Orçamento deste ano com saldo zero entre receitas e despesas, previsto no novo marco fiscal, depende dessa revisão. Isso já estava previsto e “vai se mostrar mais claramente no segundo semestre”, disse o ministro:
– Na próxima semana será divulgado, em Brasília, para onde vai cada ponto (da revisão de gastos), com ProAgro (programa de garantia ao produtor rural), seguro de defesa (bolsa para pescadores suspenderem suas atividades nos períodos de reprodução dos peixes), todas essas políticas e algumas outras que não estavam no Orçamento de 2024. Mostraremos, por A mais B, onde estará a economia na revisão de gastos de R$ 9 bilhões para este ano.
Simone continuou:
– Ao mesmo tempo, detalhemos, esse foi um pedido do próprio presidente Lula, para explicar à sociedade de onde virão os cortes de R$ 25 bilhões para o Orçamento de 2025.
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O objetivo de reduzir os gastos previstos para o Orçamento do próximo ano entre R$ 25 bilhões e R$ 26 bilhões foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no início deste mês.
– Dentro desses R$ 25 bilhões, temos políticas públicas importantes, que não vamos descontinuar. Ainda estamos atacando a eficiência desses gastos. Algumas (revisões) acontecerão por meio de atos normativos, outras exigirão projetos de lei – completou Simone.
Reajuste do salário mínimo
Em discurso na sessão de abertura de evento paralelo à reunião de ministros, na tarde desta terça-feira, a ministra Simone defendeu gastos com benefícios sociais, como o Bolsa Família, e uma regra que garanta reajustes do salário mínimo com taxas de variação acima da inflação como medidas para reduzir as desigualdades sociais.
Questionada após o discurso, a ministra garantiu que a atual regra de reajuste anual do salário mínimo (inflação mais a variação do PIB de dois anos antes) será mantida até o fim do atual governo, em 2026. Ela também descartou alteração da vinculação ao benefício pensão mínima de aposentadoria do INSS de um salário mínimo. E disse que haveria uma possível discussão sobre a alteração das regras de reajuste de outros benefícios mínimos, como BPC e segundo desemprego, para depois de 2026.
– Essa afirmação é baseada na convicção, não só do presidente Lula, mas na minha convicção, como alguém da frente ampla, considerado liberal. A única forma de reduzir a desigualdade social num país tão rico, que tem um orçamento considerável, onde há outros espaços para cortar, é garantir sempre que o salário mínimo cresça um pouco acima da inflação.
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