PEQUIM (Reuters) – A China divulgou neste domingo um documento político descrevendo ambições familiares, desde o desenvolvimento de indústrias avançadas até a melhoria do ambiente de negócios, e analistas não detectaram nenhum sinal de mudanças estruturais iminentes na segunda maior economia do mundo.
A publicação do documento de 60 pontos ocorreu após uma reunião a portas fechadas do Comité Central do Partido Comunista, liderada pelo Presidente Xi Jinping, que ocorre aproximadamente a cada cinco anos e é conhecida como plenária.
Realizou-se de 15 a 18 de julho, numa altura em que a China está à beira da deflação e enfrenta uma crise imobiliária prolongada, uma dívida crescente e uma baixa confiança dos consumidores e das empresas. As tensões comerciais também estão a aumentar à medida que os líderes mundiais se tornam cada vez mais cautelosos relativamente ao domínio das exportações da China.
Estes desafios levaram alguns economistas a instar Pequim a mudar o foco para o aumento da procura do consumidor e para longe de um modelo alimentado pela dívida e liderado pelo investimento que canaliza recursos para a indústria e infra-estruturas à custa das famílias.
O potencial de crescimento a longo prazo da China está em jogo, dizem estes economistas.
Mas o plenário reafirmou a procura da China por “novas forças produtivas”, um termo que Xi cunhou no ano passado e que prevê a investigação científica e as actualizações tecnológicas do extenso complexo industrial do país.
O objetivo é “promover avanços revolucionários em tecnologia, alocação inovadora de fatores de produção e transformação e profunda modernização industrial”, afirma o documento.
Listou como indústrias estratégicas “tecnologia da informação de nova geração, inteligência artificial, aviação e aeroespacial, novas energias, novos materiais, equipamentos de ponta, biomedicina e tecnologia quântica”.
“O sistema industrial geral é grande, mas não forte, é abrangente, mas não refinado, as tecnologias essenciais e fundamentais são controladas por outros”, disse Xi no plenário, segundo a mídia estatal.
A reunião plenária estava inicialmente marcada para o final do ano passado, mas foi adiada sem explicação.
INOVAÇÃO E CRESCIMENTO CONDUZIDOS PELO ESTADO
Gary Ng, economista sênior da Natixis para a Ásia-Pacífico, disse que a reunião plenária mostrou um futuro de “crescimento econômico, inovação e segurança liderado pelo Estado”.
“Uma aposta total na indústria e em novas forças produtivas pode não ser apropriada, pois está repleta de incertezas”, disse Ng.
O documento também reiterou que os mercados desempenharão um papel decisivo na atribuição de recursos, que o governo trabalhará na legislação para melhorar as condições para o sector privado e sinalizou reformas fiscais e financeiras.
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