Cautela fiscal e com China dificulta Ibovespa de subir com NY, após dez altas seguidas

A valorização das bolsas de Nova York, na manhã desta segunda-feira, 15, e de 1,03% do minério de ferro no fechamento de Dalian, na China, são insuficientes para definir um rumo para o Ibovespa.

Isso porque há incertezas externas, após o ataque a Donald Trump, e no Brasil devido a impasses em relação ao imposto.

As taxas de juro futuras sobem, acompanhando a subida dos rendimentos longos dos títulos do Tesouro e do dólar, seguindo a interpretação de que uma possível nova administração Trump traz riscos fiscais.

Os investidores estão a monitorizar com cautela a possibilidade crescente de uma nova administração republicana, dado o seu perfil ligeiramente mais favorável à despesa, o que aumenta receios de mais inflação e de um aumento do défice dos EUA.

Após a tentativa de assassinato do candidato republicano, no sábado, 13, na Pensilvânia, a figura do ex-presidente dos EUA se fortalece. “Trump agora aparece como uma figura ainda mais forte”, diz Marcelo Vieira, chefe da mesa de renda variável da Ville Capital.

Contudo, uma possível nova administração Trump traz cautela, aponta Vieira, dado o perfil mais inclinado a travar guerras comerciais e tensões geopolíticas. Durante a última administração, lembra ele, o republicano iniciou explicitamente uma guerra comercial com a China. “Não podemos esperar diferente caso ele seja eleito e isso pode significar um perigo maior para os Estados Unidos”, avalia.

Ao mesmo tempo, o mercado está a avaliar os dados de atividade da China, com alguns a mostrar crescimento, mas abaixo das expectativas, levantando preocupações sobre a fraqueza do gigante asiático. As ações da Vale e do setor de metais no Ibovespa caem esta manhã. No caso da Vale, ainda há dúvidas sobre a nova gestão da empresa, pois ainda não foi encontrado um nome para substituir Eduardo Bartolomeo na função da mineradora. As ações da Petrobras estão em alta, apesar da tendência de queda dos preços do petróleo no exterior.

Outros títulos que ainda estão no foco dos investidores são os mais sensíveis aos juros, como bancos e varejo, cita o economista-chefe da Monte Bravo Corretora, Luciano Costa. Aliás, as ações dos grandes bancos caíram esta manhã, assim como algumas ligadas ao consumo, como a Fazenda Hypera, que caiu 1,97%, puxando o grupo de maiores quedas do Ibovespa. A Suzano ON ficou na ponta oposta, com alta de 2,18%. A valorização da Suzano ocorre após a empresa adquirir ativos de papel-cartão da Pactive Evergreen por US$ 110 milhões.

Além das questões externas, as incertezas fiscais no Brasil também são o foco dos mercados. Poucos dias antes do recesso parlamentar, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que “não há receptividade política” ao aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) como alternativa para compensar a renúncia fiscal da folha de pagamento isenta, defendida pela Fazenda.

Na sexta-feira, 12, o Índice Bovespa subiu 0,47%, aos 128.896,98 pontos, com ganhos de 2,08% na semana – quarta alta semanal consecutiva.

Às 10h50 desta segunda-feira, o Ibovespa caía 0,10%, aos 128.764,80 pontos, ante mínima de 128.723,20 pontos (-0,13%) e máxima de 129.185,03 pontos, quando avançava 0,22%. Abriu em 128.898,40 pontos, com variação zero. A Petrobras subiu cerca de 0,60% e a Vale caiu 0,60%. Entre os grandes bancos, a queda foi moderada.