Por Vitor Borges
BRASÍLIA (Reuters) – O Itaú (BVMF:) elevou suas projeções para 2024 e 2025, citando piora dos fundamentos domésticos, com aumento da percepção de risco, e também para a inflação no mesmo período, destacando o efeito da desvalorização cambial sobre alimentos e bens industriais e um recente aumento na gasolina.
Num relatório divulgado esta sexta-feira, a instituição financeira elevou a estimativa para a moeda norte-americana este ano, de 5,15 para 5,30 por dólar, e em 2025, de 5,25 para 5,40 por dólar.
Para o IPCA, a projeção do banco subiu para 4,0% em ambos os anos, ante projeções anteriores de 3,8% em 2024 e 3,7% em 2025. A projeção foi alterada para refletir os últimos movimentos do mercado de câmbio e um desequilíbrio de riscos.
Segundo o relatório, o banco incorporou parte dos efeitos da depreciação cambial e dos seus impactos nos preços dos alimentos e bens nas suas previsões já em 2024, para incorporar possíveis desfasamentos.
“O equilíbrio de riscos para a nossa projeção permanece assimétrico para cima: uma taxa de câmbio ainda mais depreciada poderia ter efeitos adicionais sobre os alimentos e os produtos industriais”, afirma o relatório.
“Além disso, o mercado de trabalho apertado poderá traduzir-se numa inflação subjacente dos serviços próxima de 6% (vs. 5,5% no nosso cenário). Para piorar a situação, um novo atraso no regresso dos choques nos preços dos alimentos frescos poderá levar a nossa projecção dos alimentos para perto de 6% (contra 5% no nosso cenário)”, apontou o relatório assinado pelo economista-chefe da instituição financeira, Mario Mesquita.
Relativamente ao dólar, o banco citou que a recente subida registada evidenciou um “aumento significativo do prémio de risco, reflectindo desafios fiscais”. O texto explica que a valorização cambial projetada em relação ao nível atual está condicionada ao anúncio do bloqueio de despesas.
No relatório, o Itaú destacou que as novas estimativas são baseadas na perspectiva de anúncios de medidas econômicas e na expectativa de um bloqueio nos gastos governamentais de pelo menos 20 a 30 bilhões de reais, que, se não implementado ou insuficiente, prejudicará o mercado percepção do compromisso do governo com a responsabilidade fiscal, o que poderá resultar em efeitos significativos nos preços dos activos semelhantes aos observados nas últimas semanas.
“Sem confiança de que a regra de despesas do quadro será respeitada no futuro, haverá um aumento significativo no risco de um regresso a uma trajectória insustentável da dívida pública”, afirma o relatório.
Contudo, o Itaú manteve inalteradas as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto para 2024 e 2025, em 2,3% e 1,8%, respectivamente, e para a taxa Selic, em 10,50% ao ano até o final de 2025.
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