Diferentemente de sua tramitação final na Câmara dos Deputados, a regulamentação da Reforma Tributária deverá tramitar em ritmo mais lento no Senado.
Um dia depois de aprovada pelos deputados, os senadores decidiram pedir ao governo a retirada da urgência constitucional imposta à proposta, o que deu à Câmara um prazo de 45 dias para analisá-la.
O pedido foi feito oficialmente pela oposição durante reunião de líderes desta quinta-feira.
Representantes da base e o relator do projeto no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), concordaram com o pedido.
— O pedido foi unânime entre os dirigentes, todos os dirigentes da oposição, os dirigentes de base pediram que o Senado, portanto, tenha tempo e um prazo adequado para realizar o trabalho com os compromissos que temos em nosso regimento e com a responsabilidade que dizemos na Emenda Constitucional”, disse Braga.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) defendeu que o projeto também passe pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Ele disse, porém, que o projeto deverá ser aprovado pelo Senado ainda este ano.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), saiu da reunião dizendo que levaria o pedido ao Palácio do Planalto.
Também diferentemente da Câmara, no Senado o texto irá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e não para um grupo de trabalho, com regras de tramitação mais flexíveis, como aconteceu com os deputados.
— Estamos praticamente no último dia de sessão, semana que vem será uma sessão sem presencial. O processo ainda nem chegou ao Senado, com certeza chegará nos próximos dias, depois será encaminhado para a Comissão de Justiça, e quando a Comissão de Justiça me indicar relator, aí eu apresentarei o plano de trabalho — disse Braga.
Braga quer também realizar audiências públicas para ouvir agentes da sociedade civil e de setores da economia.
— Debater com a federação, com os estados, com os municípios, com o setor produtivo para que possamos ter substância e condições de construção de um texto que possa contribuir com o esforço que a Câmara dos Deputados apresentou — disse.
Zona livre
Braga disse que pretende discutir o assunto com estados, municípios e representantes do setor produtivo.
— Trabalharemos na construção de um texto consensual, que represente não só a vontade do setor produtivo, mas também da federação, do governo, de gerar emprego, renda, reduzindo as desigualdades sociais e regionais, garantindo que o Brasil possa atrair investimentos — disse Braga, acrescentando que há dúvidas no texto que veio da Câmara, citando a Zona Franca de Manaus.
Ele citou a manutenção dos benefícios da Zona Franca e do Nordeste, além do Comitê Gestor, que será criado com a Reforma.
Na noite desta quarta-feira, a Câmara dos Deputados aprovou o regulamento da Reforma Tributária, que trata das regras para criação do novo regime de tributação do consumo. PIS, Cofins, IPI, ISS e ICMS darão lugar à futura Contribuição sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (CBS) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS). Carnes, queijos e sal foram incluídos na cesta básica de última hora.
Foram 336 votos a favor da aprovação do texto base, 142 contra e 2 abstenções.
É um resultado bem acima dos 257 votos favoráveis exigidos.
A inclusão da carne na cesta básica foi aprovada por meio de emenda destacada pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta previsão não constava do texto base inicialmente aprovado.
Foi rejeitada a proposta de incluir armas e munições no Imposto Seletivo, o que na prática sobrecarregaria esse tipo de produto.
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