A inclusão de mais medicamentos na lista de produtos que terão imposto reduzido em 60% (pagando 40% da alíquota total) aumentará a alíquota integral do futuro Imposto sobre Valor Agregado (IVA), disse nesta quarta-feira (10) o ministro das Finanças, Fernando Haddad. Ele comentou as alterações de última hora no relatório do projeto de lei complementar que regulamenta a reforma tributária, que será votado esta noite na Câmara dos Deputados.
Haddad disse que só foi informado na manhã desta quarta-feira das alterações de última hora aceitas pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), um dos relatores do texto na Câmara. A nova versão ampliou a lista de medicamentos com redução de impostos e ampliou o dinheiro de voltaum mecanismo de devolução de impostos às pessoas mais pobres, sobre contas de luz, água e esgoto.
“Não podemos reverter a lógica da reforma. A lógica da reforma é manter a carga tributária. Quanto menor o número de exceções, menor será a alíquota do imposto. Quanto maior o número de exceções, maior será a alíquota do imposto. Mas a carga tributária não mudará. De qualquer forma, ela é a mesma”, disse Haddad.
O relatório manteve a carne fora da cesta básica nacional, que terá alíquota zero. No entanto, a oposição e a minoria estão a trabalhar em conjunto para incluir uma alteração que inclua proteínas animais na cesta básica.
“A alíquota padrão pode aumentar. E para cada exceção você tem que fazer um cálculo. É por isso que a posição do Tesouro, tecnicamente, é que quanto menos exceções, melhor. Os deputados têm as suas reivindicações, ouvem a sociedade, ouvem as pesquisas, ouvem os setores. Então, é natural que haja este tipo de flexibilidade”, acrescentou o ministro, dizendo que a posição da equipa económica não mudou desde o início da reforma fiscal.
A inclusão da carne na cesta básica aumentará a alíquota geral do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em 0,53 ponto percentual, passando de 26,5% para 27,03%, segundo a Receita Federal. A estimativa é ligeiramente inferior à do Banco Mundial, que calcula um impacto de 0,57 pontos percentuais no IVA. Se o Congresso incluir a carne na lista de exceções, o Brasil terá a maior alíquota de IVA do mundo, superando a Hungria, que tem alíquota de 27%.
Mudanças
Em relação aos medicamentos, o texto original do governo previa uma lista de 343 princípios ativos com isenção de impostos e 850 com alíquota reduzida para 40% do valor total, pagando IVA de 10,6%, em vez de 26,5%. O texto que está em votação ampliou a lista de alíquotas reduzidas para todos os medicamentos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e medicamentos produzidos em farmácias de manipulação.
Ó dinheiro de volta também foi ampliado. O texto original previa a restituição de 100% da Contribuição sobre Circulação de Bens e Serviços (CBS, tributo federal) e de 20% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (IBS, tributo estadual e municipal) na compra de gás; 50% da CBS e 20% do IBS no pagamento de contas de luz, água e esgoto; e 20% de CBS e IBS em outros produtos. A nova versão aumenta de 50% para 100% o reembolso da CBS nas contas de luz, água, esgoto e gás natural.
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