IPCA menor que o previsto e NY estimulam alta do Ibovespa, mas commodities são riscos

O arrefecimento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) maior que o esperado em junho, estimula alta do Ibovespa, que beira a marca dos 127 mil pontos, em meio ao alívio na curva de juros futuros e no dólar frente ao real.

Além da situação de desinflação no Brasil, a alta ainda moderada das bolsas norte-americanas favorece a alta do principal indicador da B3. O ganho é limitado apenas pela queda de cerca de 0,20% no petróleo no exterior e de 1,81% no minério de ferro em Dalian, na China.

Com a queda das taxas de juro futuras, as ações ligadas ao ciclo económico beneficiam. Um dos exemplos é o Magazine Luiza ON, cujas ações subiram 3,63%, por volta das 11h.

“O IPCA representa uma manhã positiva para os ativos do Brasil, independente do cenário político”, afirma Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Claritas.

Os investidores aguardam mais um depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, nesta quarta-feira, 10, na Câmara dos Estados Unidos. Na terça-feira, 9, no Senado, Powell evitou dar um cronograma para a possível queda dos juros básicos, mas mostrou confiança no esfriamento do mercado de trabalho, mantendo a expectativa de que um corte nos juros possa ocorrer ainda em setembro.

Segundo o economista da Principal Claritas, o alívio nos ativos brasileiros ainda ecoa o cenário externo da véspera, em meio a declarações do presidente do Fed e ao recente fechamento da curva de juros futuros nos Estados Unidos. “O que Powell disse não muda muito o cenário, tende a haver queda nos juros em setembro, e no próximo passo o mercado pode precificar com mais conforto dois cortes que acontecem este ano”, afirma.

Agora, segundo Ashikawa, a expectativa é pela divulgação do índice de preços ao consumidor americano, o IPC, que será divulgado nesta quinta-feira, 11, nos EUA. Depois do relatório oficial de emprego, a folha de pagamento, divulgada na semana passada, é o indicador mais importante que poderia reforçar esse rumo da política monetária dos EUA, avalia. “Se voltar a haver um número de inflação melhor como em maio, um IPC estável poderia dar mais confiança em relação à queda dos juros”, afirma.

Na terça-feira, o Ibovespa subiu 0,44%, para 127.108,22 pontos, motivado principalmente pela agenda econômica do Brasil, com expectativas de novos avanços nesta quarta-feira.

Ontem à noite, a Câmara aprovou o pedido urgente para tramitação do primeiro projeto de regulamentação da reforma tributária. A aprovação do pedido permitirá que a proposta seja votada diretamente no plenário, sem passar previamente pelas comissões. A votação está prevista para começar nesta quarta-feira

Um dos entraves foi a inclusão da cesta básica no projeto. Em relatório divulgado esta manhã, deputados do Grupo de Trabalho de Regulamentação da Reforma Tributária mantiveram a exclusão das proteínas animais da lista de alimentos que terão alíquota zero na Cesta Básica Nacional.

Em termos de indicadores, nesta quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA desacelerou para 0,21% em junho, ante 0,46% em maio. O resultado ficou abaixo da estimativa mínima, de 0,27%, encontrada na pesquisa feita pela Projeções Broadcast. O teto foi de 0,38%, com mediana de 0,32%.

Grande parte da desaceleração do IPCA foi causada pelo arrefecimento dos alimentos das famílias, acompanhando o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, cuja taxa passou de 0,66% em maio para 0,47% em junho.

O economista-chefe da Suno Research, Gustavo Sung, avalia o resultado do IPCA de junho como “benigno”. Na sua análise, não só o menor aumento do indicador cheio, mas também dos preços de abertura sugerem uma situação de menor pressão inflacionária. “No aspecto qualitativo, tivemos dados positivos”, afirma no relatório.

Neste contexto de arrefecimento do IPCA e de recente valorização da taxa de câmbio, estima-se que as expectativas de inflação possam se estabilizar nas próximas semanas, ajudando a reduzir a probabilidade de novos aumentos da taxa básica de juros no futuro. No entanto, Sung lembra que as expectativas inflacionárias ainda permanecem acima da meta e são uma grande preocupação para o Banco Central (BC).

“Esse cenário soma-se às dúvidas em relação à política fiscal brasileira e às incertezas no cenário externo”, acrescenta o economista Gustavo Sung. A Suno Research estima que a Selic permanecerá em 10,50% ao ano até o final de 2025.

Às 11h13 desta quarta-feira, o Ibovespa subia 0,02%, para 127.140,87 pontos, ante alta de 0,52%, com máxima de 127.769,25 pontos, após queda de 0,02%, para mínima de 127.077,97 pontos. A Vale ON caiu 1,14% e a Petrobras perdeu cerca de 0,20%. As ações dos grandes bancos subiram para 1,28% (Bradesco PN).