Em seu primeiro encontro com o presidente boliviano Luis Arce, após a tentativa de golpe no país vizinho no final do mês passado, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou sua intenção de ajudar o país vizinho a investir em gás natural, falou sobre a construção de uma fábrica de fertilizantes na fronteira entre Corumbá e Porto Quijarro, e também revelou a intenção de empresários brasileiros investirem até US$ 140 milhões na exploração de novas jazidas de gás.
A delegação brasileira também pretende restaurar a capacidade do gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol) para pelo menos 30 milhões de m³, e ir muito além dos 9 milhões de m³ de hidrocarbonetos que são importados para o Brasil via Mato Grosso do Sul.
“A Bolívia continua sendo o principal fornecedor de gás natural do Brasil. Conversamos sobre a possibilidade de ampliar os investimentos nessa área e aumentar o volume exportado para o mercado brasileiro. O Brasil também importa fertilizantes da Bolívia, queremos fortalecer essa parceria com a implantação de uma fábrica de nitrogenados entre Corumbá e Porto Quijarro”, disse Lula em Santa Cruz de la Sierra.
A possibilidade de uma nova fábrica de nitrogênio já havia sido levantada em outubro do ano passado. De acordo com um relatório de Correio Estadualna fronteira, entre Corumbá e Porto Quijarro, seriam produzidos uréia e cloreto de potássio na Coipasa.
Lula vê a Bolívia como aliada da independência brasileira na produção de fertilizantes e a implantação de indústrias visa reduzir a dependência externa do Brasil. No Mato Grosso do Sul já estão em andamento as obras de instalação da Unidade III de Fertilizantes da Petrobras (UFN3).
As obras, porém, estão paralisadas desde 2015 e não há previsão de desbloqueio. Quando estiver pronta, a UFN3 terá como matéria-prima o gás natural boliviano.
No encontro com o presidente boliviano, Lula não detalhou como será a parceria e em que estágio estão as conversas para implantação dessa nova fábrica na fronteira.
O presidente da Bolívia destacou que os dois países iniciam uma nova era nas relações bilaterais, não apenas no que diz respeito aos memorandos assinados, e citou os fertilizantes.
“Isso marca esta nova era nas relações entre Brasil e Bolívia. Não estamos só a falar de gás, que é um produto que vamos continuar a explorar, a produzir e a vender, mas há também outros, como o nosso lítio, os nossos sais, os nossos minerais, os nossos fertilizantes, estas matérias-primas que aqui temos ”, disse Luis Arce.
Investimentos
A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Bolívia terminou com promessas de investimento brasileiro na produção de gás natural e grande otimismo da indústria nacional com a possibilidade de adquirir o insumo mais barato.
A Petrobras e a Fluxus, de propriedade dos irmãos Batista, anunciaram planos de investir em exploração e produção na Bolívia, após anos sem aportes de capital brasileiro. Em outra frente, grandes consumidores iniciaram conversas para negociar o fornecimento direto da estatal local.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, informou que a empresa pretende perfurar um poço exploratório na área de San Telmo Norte, no estado de Tarija, em 2025. O investimento estimado em US$ 40 milhões, porém, ainda depende de licença ambiental .
Segundo ela, o combustível pode ajudar a viabilizar as indústrias petroquímica e de fertilizantes no Brasil, caso a produção tenha preços competitivos.
“Apostamos muito nessa sinergia entre Brasil, Bolívia e também Argentina, países interligados pelo gasoduto”, declarou.
O gás boliviano foi fundamental para o desenvolvimento do mercado brasileiro após a inauguração do Gasbol (Gasoduto Bolívia-Brasil) em 1999. Mas a nacionalização dos ativos petrolíferos pelo ex-presidente Evo Morales afastou investimentos e reduziu a produção local.
A Petrobras já produziu 30 milhões de metros cúbicos por dia no país vizinho, mesma capacidade de transporte da Gasbol, mas hoje produz apenas 9 milhões de metros cúbicos por dia, destacou Magda.
“Hoje o mercado consumidor brasileiro demanda 50 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia. Acreditamos que esse mercado pode ser triplicado, chegando a 150 milhões de metros cúbicos por dia”, continuou o executivo, segundo nota distribuída pela estatal.
Parte dessa nova demanda será atendida pela produção do pré-sal, mas a indústria aposta na Bolívia e na Argentina como fontes de gás mais barato.
Irmãos Batistas
A subsidiária de petróleo e gás do grupo J&F, Fluxus, anunciou nesta terça-feira (9) US$ 100 milhões em busca de novas reservas de gás bolivianas. Em junho, a empresa adquiriu a Pluspetrol Bolívia, que possui três campos produtores no país vizinho.
“Com esse passo, a Fluxus aproveita as reservas disponíveis e a posição estratégica da Bolívia para atender a demanda por gás na região, inclusive dos demais negócios do grupo J&F”, afirmou o presidente da empresa, Ricardo Savini, em nota.
A empresa anunciou recentemente a compra de 12 térmicas a gás da Eletrobras, por meio de sua subsidiária Âmbar Energia, e também possui negócios nos setores de celulose, mineração, financeiro e higiene e cosméticos.
Saiba – A produção da Bolívia é pouco maior que a capacidade da Gasbol
A Bolívia produz atualmente cerca de 33 milhões de metros cúbicos de gás natural em 54 concessões exploratórias. O vice-presidente da YPFB, Ariel Montaño, afirmou que espera ultrapassar os 40 milhões em 2028 com os novos investimentos, segundo a agência estatal de notícias ABI. Da sua produção, 13 milhões são enviados para o Brasil, o que deixa a Gasbol com capacidade ociosa não só para o gás boliviano, mas também para a produção argentina.
Assine o Correio do Estado
empréstimo consignado para servidor público municipal
emprestimo para bpc ja esta liberado
simulação de empréstimo no bradesco
empréstimos itau simulador
melhores bancos emprestimo
quitar emprestimo caixa
taxa de juros do emprestimo consignado banco do brasil