Num próximo relatório, o Banco do Japão (BOJ) deverá apresentar resultados que indiquem uma tendência ascendente nos salários numa gama mais ampla de empresas, incluindo pequenas e médias empresas. Esta tendência é vista como um factor-chave na consideração de um possível aumento das taxas de juro num futuro próximo.
O relatório, que faz parte de uma análise trimestral regular das economias regionais japonesas, contará com um anexo baseado em pesquisas e audiências realizadas pelas filiais do BOJ em todo o país. Espera-se que seja lançado na segunda-feira, com os gerentes das filiais se reunindo em Tóquio para uma reunião trimestral.
De acordo com fontes familiarizadas com o pensamento do Banco do Japão, o anexo provavelmente mostrará que mais pequenas e médias empresas (PME) estão a aumentar os salários, um desenvolvimento crucial para as decisões sobre taxas de juro. O Banco do Japão vê os aumentos salariais como um pré-requisito para alcançar e manter de forma sustentável a sua meta de inflação de cerca de 2%.
O banco central pôs fim a uma longa política de taxas de juro negativas em Março, influenciado pela crença de que o aumento dos salários apoiaria a meta de inflação. Os preços básicos ao consumidor registaram um aumento de 2,5% em Maio em relação ao ano anterior, marcando uma taxa de inflação acima da meta do BOJ durante mais de dois anos.
O Governador Kazuo Ueda indicou que poderão estar no horizonte novos aumentos das taxas se os aumentos salariais continuarem a espalhar-se e encorajarem as empresas a aumentarem os preços dos serviços, aproximando a inflação subjacente do objectivo de 2%.
Os participantes do mercado esperam que o Banco do Japão aumente as taxas de juro dos actuais níveis próximos de zero em algum momento deste ano, com opiniões divididas sobre se isso acontecerá este mês ou mais tarde. A decisão será influenciada pela próxima reunião de política monetária do BOJ, marcada para 30 e 31 de julho, onde o conselho também divulgará novas previsões trimestrais de crescimento e inflação.
Um inquérito recente realizado pelo maior sindicato do Japão, o Rengo, revelou que as empresas ofereceram um aumento salarial médio de 5,10% este ano, o mais elevado em trinta anos. No entanto, o aumento para as pequenas empresas foi de 4,45%, ligeiramente inferior ao aumento de 5,19% oferecido pelas contrapartes maiores. Ainda há incerteza sobre a capacidade de empresas muito mais pequenas, não abrangidas pelo inquérito Rengo, aumentarem os salários.
Com cerca de 70% dos trabalhadores japoneses empregados em PME, as tendências salariais entre estas empresas são um indicador significativo para avaliar se a inflação cumprirá consistentemente a meta de 2% do Banco do Japão. A rede de agências do BOJ, que mantém comunicação regular com executivos de empresas locais, fornece informações sobre se os aumentos salariais estão a tornar-se mais generalizados entre as pequenas empresas regionais.
A Reuters contribuiu para este artigo.
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