Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI voltaram a cair de forma consistente nesta quinta-feira, ainda refletindo a mudança de tom do discurso do governo na véspera, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou de criticar o Banco Central, como vinha fazendo quase diariamente, e passou a defender o equilíbrio fiscal.
Com o mercado do Tesouro fechado devido a feriado nos Estados Unidos, os investidores operaram com os olhos voltados exclusivamente para Brasília.
No final da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) referente a janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,625%, ante 10,693% do reajuste anterior. A taxa DI de janeiro de 2026 foi de 11,3%, ante 11,526% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,62%, ante 12,843%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 12,13%, ante 12,304%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 12,14%, ante 12,291%.
Na quarta-feira, Lula interrompeu uma sequência recente de críticas quase diárias ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, ao atual patamar da taxa Selic e ao mercado financeiro, preferindo defender o ajuste das contas públicas.
À noite, com os mercados já fechados, foi a vez do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após reunião com Lula, afirmar que o presidente determinou o cumprimento do marco fiscal e que a equipe econômica já havia identificado 25,9 bilhões de reais em despesas a serem cortadas no Orçamento de 2025.
Nesta quinta-feira, Lula participou de eventos públicos em Campinas, no interior de São Paulo, mas, assim como na véspera, não comentou o Banco Central nem a política monetária.
Assim, os investidores continuaram a reduzir parte dos prémios de risco incorporados na curva nas últimas semanas. No melhor momento do dia, às 10h43, a taxa DI de janeiro de 2027 atingiu 11,595%, queda de 25 pontos percentuais em relação ao reajuste do dia anterior de 11,843%.
“Viemos de semanas muito difíceis, com elevação considerável da curva de juros, mas ontem tivemos ajustes na comunicação do governo. Haddad reforçou a preservação do quadro fiscal, sinalizando um corte de 25,9 bilhões para o orçamento de 2025, que acabou sendo bem recebido pelo mercado”, comentou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.
“O ceticismo diminuiu um pouco, mas ainda tem muito prêmio embutido na curva, que precifica até aumento da Selic”, acrescentou.
Devido ao movimento das duas últimas sessões, a curva voltou a precificar a maioria das chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano ao final deste mês –e não de um aumento de 25 pontos-base, como indicado no início da sessão. semana.
Mas a curva ainda precifica alta a taxa Selic até o final deste ano, apesar de Campos Neto ter afirmado, em evento recente, que aumento da taxa básica não está no cenário base do BC.
Perto do fechamento, a curva a termo precificou 85% de chance de manutenção da taxa Selic ao final deste mês e 15% de chance de aumento de 25 pontos-base na taxa básica.
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