Por Fabrício de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – As taxas do DI fecharam quarta-feira com fortes quedas depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou novos ataques ao Banco Central e à política monetária e reiterou o compromisso com a responsabilidade fiscal, o que fez com que o prazo da curva retorne ao preço maiores chances de manutenção do Taxa Selic em 10,50% neste mês.
O movimento também encontrou apoio no exterior, onde as taxas do Tesouro caíram na sequência de dados fracos da economia norte-americana.
No final da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) de janeiro de 2025 – que reflete a política monetária no curtíssimo prazo – estava em 10,695%, ante 10,782% do reajuste anterior. A taxa DI para janeiro de 2026 foi de 11,525%, ante 11,702% do reajuste anterior, enquanto a taxa de janeiro de 2027 foi de 11,84%, ante 12,017%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 foi de 12,3%, ante 12,457%, e o contrato de janeiro de 2033 teve taxa de 12,29%, ante 12,452%.
Depois de recuarem na reta final na terça-feira, os DI abriram a quarta-feira caindo novamente, em meio a expectativas de que o governo possa deixar a retórica de lado e agir para conter a crise de confiança que atingiu os ativos brasileiros nas últimas semanas.
Desde 18 de junho – um dia antes de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidir manter a taxa Selic em 10,50% ao ano – Lula criticava o nível dos juros, o mercado financeiro, o presidente do Banco Central , Roberto Campos Neto, e as propostas de corte de gastos para ajuste fiscal.
Dessa data até terça-feira, Lula lançou suas críticas em 8 dos 11 dias úteis, o que fez com que as taxas futuras saltassem no Brasil, com o mercado precificando nos últimos dias a possibilidade de o BC subir a Selic neste mês.
“O mercado está um pouco mais calmo hoje (quarta-feira)… com essa ideia de que o governo deve se movimentar e apresentar medidas para controlar essa alta do dólar, que nada mais é do que uma crise de confiança”, disse ele para Esta manhã o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, em comentário enviado aos clientes.
“Os dados do Brasil são bons, como temos dito. (A crise) é muito mais uma incerteza com o que vai acontecer com o quadro fiscal, o que vai acontecer com o Banco Central, do que exatamente uma crise da economia brasileira”, disse. adicionado.
Nesta quarta-feira, Lula decidiu parar com as críticas e, no sentido contrário, afirmar que a responsabilidade fiscal é um compromisso do seu governo.
“Vamos ter uma política económica sem causar surpresas a ninguém, vamos ter uma política económica que vai fazer este país crescer, vamos continuar a transferir rendimentos, e ao mesmo tempo vamos continuar com a responsabilidade que temos. sempre tivemos”, disse Lula em evento no Palácio do Planalto.
“Responsabilidade fiscal não é uma palavra, é um compromisso deste governo desde 2003, e vamos cumpri-lo à risca”, acrescentou, sem fazer considerações sobre o BC, a Selic ou o nível atual do câmbio.
Os comentários brandos do presidente, aliados à expectativa de que o governo pudesse de fato adotar medidas – especialmente na área fiscal – para restaurar a confiança do mercado, fizeram com que as taxas do dólar e do DI despencassem.
Às 13h57, após o discurso de Lula no Planalto, a taxa DI de janeiro de 2026 – uma das mais líquidas – atingiu o mínimo de 11,500%, queda de 20 pontos-base em relação ao reajuste do dia anterior.
No mesmo evento no Planalto, Haddad disse aos jornalistas que a diretoria do Banco Central tem autonomia para agir sobre o câmbio como achar melhor e que não há orientação contrária. Ele acrescentou acreditar que o dólar vai se estabilizar, reforçando que a responsabilidade fiscal é um compromisso com a vida pública do presidente.
Os comentários conciliatórios de Lula e Haddad somaram-se à expectativa em torno da reunião de Lula com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, entre outros, para discutir a taxa de câmbio. Originalmente marcada para as 16h30, a reunião foi adiada para as 18h.
Perto do fechamento, a curva a termo precificou 66% de chance de manutenção da taxa Selic ao final deste mês e 34% de chance de aumento de 25 pontos-base na taxa básica. Isto demonstra uma inversão face ao que se viu na véspera, quando as apostas num aumento de 25 pontos base eram maioritárias.
No exterior, o mercado do Tesouro fechou mais cedo devido ao feriado de quinta-feira nos Estados Unidos, com os rendimentos caindo com firmeza.
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