A União Europeia acusou, nesta segunda-feira (1º), a gigante tecnológica Meta, controladora do Facebook e do Instagram, de violar os padrões de privacidade digital do bloco, abrindo assim um precedente para a possível aplicação de uma multa bilionária.
“Meta força milhões de usuários em toda a UE a uma escolha binária: pagar ou autorizar [o uso de seus dados]. Na nossa conclusão preliminar, isto é uma violação da Lei dos Mercados Digitais”, disse o comissário europeu para o Mercado Interno, Thierry Breton, na rede social X.
O sistema adotado pela Meta para cumprir as regras de funcionamento das plataformas digitais exige que os usuários paguem uma mensalidade ou aceitem a venda de seus dados para publicidade personalizada.
Em comunicado, a Comissão Europeia indicou que “esta opção binária obriga os utilizadores a aceitarem a combinação dos seus dados pessoais, mas priva-os de uma versão menos personalizada, mas equivalente, das redes sociais do Meta”.
A partir de agora, a empresa terá tempo para responder à Comissão, o braço executivo da UE. Porém, caso a instituição considere que sua posição sobre o modelo está confirmada, poderá aplicar multa de até 10% do faturamento global da Target.
Poderá ainda aumentar a multa para 20% do rendimento global em caso de reincidência, ou ainda ordenar a divisão de empresas.
A Lei dos Mercados Digitais (DMA) é um dos pilares da UE na regulação do setor, juntamente com a Lei dos Serviços Digitais (LSD).
Devido a esses padrões, a Comissão determina que as maiores plataformas — chamadas de ‘gatekeepers’ — não podem obrigar os usuários a autorizar o uso de seus dados para acessar serviços ou funções de rede.
O organismo europeu tomará uma decisão sobre se o modelo Meta é ou não compatível com o DMA até ao final de março de 2025.
Privacidade no jogo
Empresas como Meta, Apple, Google, Microsoft e outras estão sujeitas a medidas de controlo reforçadas por parte da Comissão Europeia.
Desde que o DMA e o LSD entraram em vigor, o organismo europeu já demonstrou a sua seriedade ao exigir que as grandes empresas cumpram a lei. Há apenas uma semana, também chegou à conclusão preliminar de que a loja de aplicativos da Apple, a App Store, também viola as regras de concorrência empresarial do bloco.
Embora a Apple e a Meta tenham tempo para apresentar os seus argumentos, a possível aplicação de multas de 10% do rendimento global das grandes empresas representaria valores monumentais.
Além disso, a Comissão também está investigando suspeitas sobre a loja de aplicativos do Google, o Google Play.
A Meta obtém muitos benefícios da comercialização dos dados de seus usuários para criar publicidade personalizada.
Diante da necessidade de proteger a privacidade de seus usuários, a empresa americana passou a adotar um mecanismo na UE em que quem utiliza suas plataformas deve aceitar a coleta de seus dados ou pagar uma mensalidade.
Este modelo é hoje questionado pelo bloco.
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