Ex-CEO da Americanas pedia balanços fraudados em pendrive para não ser descoberto

O Ministério Público Federal (MPF) afirma ter encontrado provas “inequívocas” da participação do ex-CEO das Lojas Americanas, Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, foragido, nas fraudes que teriam sido praticadas para manter o varejo as ações da rede em alta.

A defesa alega que não tinha conhecimento do esquema.

O executivo é apontado na investigação como o principal responsável pela manipulação dos resultados contábeis da empresa. Foi ele quem, segundo o MPF, deu a palavra final sobre os números supostamente inflacionados que seriam levados à diretoria e ao mercado.

“Os demais investigados referiam-se a ordens diretas de Miguel Gutierrez e, em alguns momentos, tratavam diretamente com ele sobre a fraude”, afirma o Ministério Público.

As fraudes seriam realizadas ao final de cada trimestre para aproximar os resultados reais das expectativas do mercado. Documentos denominados “verde e vermelho” seriam a base do esquema.

Os investigadores identificaram que o executivo preferia receber a maior parte dos arquivos em um pendrive, “para se proteger”, mas as mensagens recuperadas confirmariam que ele teve acesso aos resultados fraudulentos.

A Polícia Federal (PF) acredita que as fraudes foram realizadas com dois objetivos: atingir metas financeiras internas, obter bônus e aumentar o valor das ações da empresa, já que Gutierrez era um dos acionistas. Ele vendeu R$ 171 milhões em ações antes do anúncio do prejuízo, em janeiro de 2023.

O ex-CEO da Americanas é o principal investigado na Operação Divulgação. Seu nome foi incluído na lista vermelha da Interpol.

COM A PALAVRA, PARA AMERICANAS

“A Americanas reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de fraude de resultados por parte de sua antiga gestão, que manipulou intencionalmente os controles internos existentes. A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar legalmente todos aqueles envolvido.”

COM A PALAVRA, A DEFESA DE MIGUEL GUTIERREZ

“Miguel reitera que nunca participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que tem colaborado com as autoridades, prestando os esclarecimentos necessários nos fóruns apropriados”.