O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) aprovou nesta quarta-feira (24) a política de reserva de vagas de graduação para travestis e transexuais. Essa cota entra em vigor em 2025 e abrangerá todos os cursos, turnos e campi universitários.
Pela proposta, 3% das “vagas supranumerárias” (vagas-cota) serão destinadas a candidatos de ambos os sexos que se declarem pertencentes ao grupo específico desta chamada. Ou seja, as vagas desta seleção não interferirão nas da ampla concorrência ou de outras políticas de cotas. Ou seja, a cota trans não vai “tirar lugar” de ninguém.
O ingresso será pela nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mas não pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) – haverá edital específico (como é feito no caso de vagas remanescentes). Além da autodeclaração, será realizada análise documental, que avaliará, por exemplo, se o requerente possui Carteira de Identidade Nacional com nome social.
“Esta política que agora aprovamos foi construída a muitas mãos, num processo coletivo que envolveu movimentos sociais, grupos organizados de estudantes, sindicatos de professores (Adur) e técnicos (Sintur). Não foi fácil, mas vencemos!”, disse a professora Joyce Alves, relatora do anteprojeto e primeira pessoa trans a ocupar uma vice-reitoria no Rural (adjunto para Assuntos Estudantis).
Em seu discurso no encontro, Joyce resumiu os principais pontos da política, pontuando sua apresentação com um relato de sua própria trajetória de luta:
“Quando cheguei ao Rural em 2012, vindo de São Paulo, me falaram para tomar cuidado com a homofobia na instituição. Naquele momento fui totalmente acolhido pelo Grupo Pontes, pioneiro nessa luta aqui na UFRRJ. Desde então, avançamos muito contra a LGBTQIA+fobia, o racismo e o assédio, com conquistas como a criação de um banheiro neutro em termos de gênero e a adoção de uma política de cotas trans na pós-graduação (fomos a primeira universidade a aprovar esse). Hoje entramos em uma Universidade Rural muito mais diversificada.”
Aprovação
Em uma sessão marcada por forte emoção, a Sala dos Órgãos Colegiados ficou lotada para receber um público formado por pessoas trans, estudantes, funcionários e demais membros da comunidade universitária. O público comemorou quando o reitor Roberto Rodrigues anunciou a aprovação, por aclamação, da mais nova política de cotas da UFRRJ.
“A convivência com a diferença nos faz aprender, e o Rural está aprendendo a conviver com as diversidades que o compõem. Precisamos defender essa inclusão”, disse o reitor.
Após a participação, ficou também clara a satisfação de quem defendeu uma causa justa e testemunhou, naquele momento, o nascimento de um marco histórico.
A estudante Mabel Almeida, do Coletivo Madame, não conteve as lágrimas ao afirmar que ela e outras estudantes trans “não se sentirão mais sozinhas na batalha pela sobrevivência e no combate ao preconceito dentro da Universidade”.
Para a professora Ana Vaz, assessora do Cepe, a decisão ajudou a “abrir a cabeça da academia, que precisa se livrar de um molde colonial que marca sua história no Brasil”.
Para Meyre Valentim, representante do sindicato dos técnicos, a implementação da política de cotas soma-se à luta pelo Sintur-RJ. A organização distribuiu ainda uma nota de apoio, destacando que “a adoção de cotas específicas para pessoas trans representa um avanço significativo no combate às desigualdades estruturais”.
A primeira deputada estadual transexual do Rio de Janeiro, Dani Balbi, e a ativista trans Bruna Benevides, atual presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), estiveram presentes e manifestaram sua satisfação por terem ajudado a construir e participar do momento de aprovação do a política no Rural. “Precisamos de universidades públicas robustas, com o nosso estilo. Precisamos de cotas para trans e travestis porque cotas abrem portas!”, escreveu Balbi.
Com a medida, o Rural se torna a 17ª universidade pública do Brasil (11 federais e quatro estaduais) a adotar uma política afirmativa para esse grupo socialmente vulnerável.
“Esse tipo de ação afirmativa, em uma região pobre e violenta como a Baixada Fluminense, pode ser um farol de esperança para esta comunidade tão vulnerável e muitas vezes desumanizada. É a possibilidade de vidas possíveis, com dignidade, pertencimento e empregabilidade”, disse a vice-reitora Joyce Alves.
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