No evento final do recebimento do manto sagrado Tupinambá, os indígenas cobraram ações para demarcar terras e retirar intrusos dos territórios dos povos originários. O evento foi realizado nesta quinta-feira (12) no Museu Nacional, onde fica o manto, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e de outros representantes dos governos federal, estadual e municipal.
O Élder Yakuy Tupinambá criticou os procedimentos para devolução do manto e defendeu que ele fosse oficialmente destinado ao território Tupinambá, na Bahia, e não ao museu. Ela também criticou a tese do marco temporal e exigiu mais medidas para demarcar as terras indígenas.
“Reiteramos nossa insatisfação com a postura colonizadora personificada pelo Estado brasileiro, por meio das autoridades representativas que mais uma vez destroem nossos direitos originários e, muito mais do que isso, ferem profundamente o que mais valorizamos: nossa crença e nossa fé”, disse Yakuy Tupinambá.
“Nossas reivindicações são: devolução do manto à aldeia mãe Olivença [município no litoral baiano]construção de um museu de arte Tupinambá; exigimos respeito e garantia dos nossos direitos; autonomia do Ministério dos Povos Indígenas, reestruturação da Funai; anistia e reparação para os povos indígenas e africanos; Não ao marco temporal, demarcação já!”, completou.
O presidente Lula destacou que as pessoas podem reclamar com o presidente da República, o governo federal, o que não acontecia nos governos anteriores, quando os indígenas nem eram recebidos pelo presidente. Segundo ele, há uma difícil luta política para fazer avançar os direitos dos povos originários e criticou a tese do marco temporal.
“Também sou contra a tese do prazo. Fiz questão de vetar esse ataque aos povos indígenas. Mas o Congresso Nacional, usando uma prerrogativa amparada em lei, derrubou meu veto”, disse Lula. “A maioria dos parlamentares não tem compromisso com os povos indígenas. O compromisso deles é com as grandes fazendas e grandes proprietários.”
O presidente afirmou ainda que o governo colocou as questões indígenas como prioridade e citou a criação do Ministério dos Povos Indígenas.
“Fizemos e continuamos fazendo a desintrusão de territórios ocupados por não indígenas. Aprovamos novas terras e temos certeza que faremos muito mais. de forma negociada, com diálogo e transparência”, afirmou.
Sobre o manto Tupinambá, Lula defendeu que o Museu Nacional seja considerado um abrigo temporário, e que sejam criadas condições para a transferência do objeto sagrado para território indígena na Bahia.
“O manto está no Museu Nacional, mas espero que todos entendam que ele não pertence aqui. Espero que todos entendam, e tenho certeza que teremos a compreensão do nosso governador da Bahia, que disse ser tupinambá também. Ele tem a obrigação e o compromisso histórico de construir um lugar na Bahia que possa receber esse manto e preservá-lo”, disse o presidente.
Manto Tupinambá
O manto Tupinambá tem 1,80 metros de altura e milhares de penas de aves de juba vermelha. Foi armazenado junto com outros quatro mantos no Museu Nacional da Dinamarca. Chegou a Copenhague em 1689, mas provavelmente foi produzido quase um século antes.
Os artefactos Tupi foram levados para a Europa desde a primeira viagem portuguesa ao Brasil e o processo continuou ao longo das décadas seguintes, como prova da “descoberta” do novo território e como peças valiosas para coleções europeias.
Outros dez mantos semelhantes, também confeccionados com penas de crina, permanecem expatriados em museus europeus, segundo levantamento feito pela pesquisadora norte-americana Amy Buono, da Universidade Chapman.
Só no Museu Nacional da Dinamarca há outros quatro, além daquele que foi devolvido ao Brasil. No Museu de História Natural da Universidade de Florença (na Itália), existem outros dois. Há também mantos Tupinambá guardados no Museu das Culturas, em Basileia (Suíça); no Museu Real de Arte e História, em Bruxelas (Bélgica); Museum du Quai Branly, em Paris (França); e na Biblioteca Ambrosiana de Milão (na Itália).
A doação do manto foi anunciada em junho de 2023, após cerca de um ano de negociações entre instituições do Brasil e da Dinamarca. A peça chegou ao Brasil no dia 11 de julho deste ano.
Foi organizada uma programação de comemorações pela devolução do manto. Líderes espirituais e xamãs Tupinambá realizaram atividades de acolhimento, proteção e bênção do manto sagrado. Durante três dias, os indígenas fizeram vigília no entorno do Museu Nacional.
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